quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Dia de jacaré

Nada melhor para descrever meu dia, do que essa fábula do querido Pratinha:

"Vivia a floresta na mais densa calmaria até aparecer a coruja, com seu sobretudo, suas olheiras e suas ideias subversivas: "Como vocês podem se achar felizes se são paus mandados do leão? Como podem se achar livres se só fazem o que permite o leão? Como podem dormir tranquilos se correm o risco de, a qualquer momento, serem devorados pelo leão? Abaixo a ditadura leonina!". "Bravo!", gritou o coelho. "Apoiada!", bradou a gazela. "Ente, ente, ente, coruja presidente!", puxou o tatu.

Daí em diante, os animais passaram a viver revoltados, só pensando no absurdo que era estar continuamente sob o jugo daquela juba. A coruja, então, organizou uma assembleia. Depois de um caloroso debate, chegou-se à conclusão de que havia um único bicho, em toda a floresta, capaz de destronar o autoungido rei dos animais: o jacaré.


Boiando no rasinho, só com aqueles olhos melífluos pra fora d'água, o jacaré ouviu a explicação da coruja e as súplicas de seus companheiros silvícolas. "Vocês querem que eu ajude?" "Sim!", responderam todos. "Querem a paz na floresta?" "Siiim!" "Querem parar de sofrer com a supremacia leonina?" "Siiiiiim" -e, mal o coro suplicante terminou de ecoar por entre as copas das árvores, o jacaré arremeteu contra a coruja e, num bote certeiro, a engoliu inteirinha, com seu sobretudo, suas olheiras e suas ideias subversivas." 


Estou agora ao sol, de barriga cheira.

Essa e outras fábulas estão disponíveis aqui: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2014/09/1515827-fabulas-monterrosianas-ii.shtml

sábado, 20 de setembro de 2014

Música do Dia


Em busca da perenidade

Perenidade? Não sabia qual era o substantivo de perene quando pensei no título para esse post. Talvez fosse perenez ( como em lucidez)? Quiça poderia ser perenice (Como velhice)? Não sei.

Sim, estou perdendo o português. E junto com a perda vem a preguiça de checar no dicionário. Fica aqui, portanto, a ressalva: sei o que busco, ainda que não saiba como descrevê-la (perenidade, perenez ou perenice?). Um problem de PPP: perda do português e preguiça...

Em contraste com as incertezas gramaticais, o tempo está começando a esfriar. Não há incerteza alguma sobre o fato de que o inverno logo estará aqui. Decidi então registrar a existência das plantas não perenes que vão desaparecer do quintal nas próximas semanas. 

Já falei antes da minha angústia com a situação. Talvez haja alguma ironia no fato de que perder as plantas me incomode mais do que perder meu português. Mas, como expliquei antes, não se trata de uma escolha no caso das plantas. Eis o problema.

Fica aqui, portanto, minha vã tentativa de eternizá-las:












quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Colocando a Santaella na faixa vermelha

Era fã da Santaella e da semiótica quando estudava na Escola de Comunicações e Artes. Mas o tempo passa e a gente amadurece. Hoje, sou fã da Marjorie, cujo texto recomendo (ver link no fim do post). 

Depois de passar quatro dias me locomovendo com uma bicicleta em Amsterdam em julho, além de não ter carro e usar a bicicleta quase todos os dias (weather permitting) pra ir trabalhar aqui em Toronto, concordo que precisamos de uma revolução em São Paulo.

 Guilhotina para acadêmicos desinformados. E que venham mais faixas vermelhas e toda a alegria que vem junto com elas!

http://m.huffpost.com/br/entry/5816142