O aniversário da minha irmã caiu num dia em que eu queria distância do facebook. Ainda não consegui definir bem esses dias, mas eles são basicamente caracterizados por um completo ceticismo com relação a todo aquele exercício de interação social via internet.
Fato é que eu tentei colocar algo lá. Entrei várias vezes no site (o que tem sido cada vez mais raro pra mim hoje em dia). Rascunhei uns três posts, mas desisti de todos. A minha fórmula "feliz aniversário. tudo de bom!" funciona muito bem para o resto do mundo, mas minha irmã merece algo melhor. O problema é que não baixava a inspiração. E aquele feed na lateral da tela com updates incessantes não estava ajudando meu processo criativo.
Resolvi então buscar umas fotos para ver se alguma lembrança do passado viria com uma frase que fizesse juz ao momento. Não achei nada. No ápice do desespero, resolvi ligar. Sabe aquela coisa privada que a gente fazia antigamente e a pessoa ficava super feliz? Pois é. Liguei. Minha irmã atende e fica surpresa com a ligação. Tomei como um sinal positivo.
Parabéns pra cá, felicidades pra lá, e logo estamos colocando a conversa em dia. As duas trabalhando muito. Será que vale a pena? Com certeza não vale. Qual a opção? Mudar pra Cuba, talvez. Sim, porque Coréia do Norte não tem capitalismo, mas tem um louco governando. Entre louco no governo ou toda a loucura do livre mercado, preferimos ficar com a segunda opção. Sem dúvida. Mas temos Cuba, que não seria de todo mal. O problema é que não sabemos o quanto vai durar. Passamos mais uns minutos sonhando com nossa vida fora do sistema e desligamos.
Minha irmã voltou à opressão do sistema capitalista e eu voltei à opressão do facebook. Enquanto minha irmã é esmagada pelo motor produtivo, eu -- que não tenho que produzir nada, e recebo um salário pra pensar grandes ideias -- fiquei lá sozinha no meu escritório confabulando com meus botões: ligação sem o post no
facebook não pega bem, né? Com certeza não pega. Estou até agora imaginando as pessoas horrorizadas com meu silêncio. "Você viu, Zezinho? Mariana não desejou feliz aniversário pra própria irmã..." Discussões em bares e dentro dos lares, durante o jantar. Uma vergonha! Afinal, parabéns que
se preza precisa ser aquele que todo mundo vê. Senão, não conta.
Mas eu sei que a minha irmã entendeu meu silêncio. Ela sabia que eu estava resistindo ao sistema. Precisavamos nós duas de um pouco de esperança. E esse foi meu modo de dar a ela um dia melhor: dando o pontapé inicial pra acabar com a opressão. A revolução começa com o facebook e termina com o fim do sistema capitalista! E conseguimos nesse histórico 24 de outubro essa grande vitória: passou-se o aniversário sem post. Agora, é só aguardar, que uma vida muito melhor está por vir.
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Surpresa do Dia
https://m.youtube.com/watch?v=zag_Masf6FA
Promises Like Pie-Crust
by Christina Georgina Rossetti
(1830-1894)
Promise me no promises,
So will I not promise you:
Keep we both our liberties,
Never false and never true:
Let us hold the die uncast,
Free to come as free to go:
For I cannot know your past,
And of mine what can you know?
You, so warm, may once have been
Warmer towards another one:
I, so cold, may once have seen
Sunlight, once have felt the sun:
Who shall show us if it was
Thus indeed in time of old?
Fades the image from the glass,
And the fortune is not told.
If you promised, you might grieve
For lost liberty again:
If I promised, I believe
I should fret to break the chain.
Let us be the friends we were,
Nothing more but nothing less:
Many thrive on frugal fare
Who would perish of excess.
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