Blog escrito em 16 de fevereiro de 2009
Sábado a noite cheguei em San Juan, Puerto Rico, onde vou passar uma semana dando um curso. Não levou mais de meia hora para eu perceber que estava de volta à panela.
Assim que saí do aeroporto, uma brisa quente com cheiro de maresia bateu no meu rosto. Apesar de ser quase meia noite, fazia 25 graus celsius, e eu tive que tirar imediatamente as três camadas de roupa com as quais saí do Canadá.
Mas foi quando eu pedi pra comprar algo para comer, que eu tive certeza que estava de volta à panela. O funcionário da faculdade de direito que foi me buscar no aeroporto me convidou para jantar na casa dele porque não íamos encontrar nenhum aberto tão tarde da noite. Pronto. Estava a esfera privada expandida, compartilhada, e aberta para quem quiser fazer parte das nossas vidas. Durante o jantar, descobrimos que tínhamos amigos e conhecidos em comum em Yale, no Canadá e, é claro, em Porto Rico. Depois do jantar, estávamos conversando como velhos amigos.
Devo adicionar que arroz e feijão no jantar foi essencial para me assegurar que estava de volta à panela.
Mas a gota d'água foi almoçar peixe frito no domingo, na vila dos pescadores (Piñones) de frente para o mar, tomando a cerveja local, chamada Medalla. O almoço me deu absoluta certeza de que eu estava na panela não tanto por causa da comida, mas por causa da mistura. Descendentes de escravos, dominicanos que imigraram ilegalmente em busca de uma vida melhor, e porto riquenhos dos mais variados tons de pele (como nós, brasileiros) se mexiam, andavam entre as mesas, falavam entre si, e brincavam comigo. Tudo borbulhava, ao gosto do domingo, do peixe frito, da cerveja, e do mar.
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