terça-feira, 1 de setembro de 2015

Meu pai é um lorde


Há exatamente um ano, visitei minha cidade natal e me reuni com vários amigos de infância. Muitos abraços e beijos depois, abriram-se as cervejas e começou a conversa. As histórias, como podem imaginar, eram muitas. Disputamos quem era a criança mais comportada e quem era a menos comportada. Debatemos também quem era a mais dissimulada - fingia-se de comportada entre os adultos, mas era o capeta quando ninguém estava vendo. As memórias eram boas, e concluímos todos que tivemos, de fato uma infância feliz. 

De repente, alguém na roda pergunta quem lembrava do meu pai. Foi uma avalanche de histórias. Tio C. levava a gente por parque, lembram?  Ele também levava a gente pra passear de bicicleta. Todos concordaram que era o máximo se aventurar de bicicleta acima dos limites geográficos normalmente permitido para crianças... E quando ele colocava todas as crianças no fusca e transformava as ruas da cidade na nossa montanha russa privada? Todo mundo gargalhou com a lembrança. 

A conclusão foi unânime: 
- O Tio C. era o melhor!
- Em especial quando comparado com os nossos pais, alguém menos tímido anunciou. 

E daí foi uma outra avalanche de histórias bem menos elogiosas. 

- É, nossos pais só queriam ver jogo de futebol da TV e beber cerveja. Em contraste, Tio C. descia no meio da tarde de sábado com melancia cortada pra gente comer. 
- O pior é a fixação dos nossos pais com os carros. Trocavam de carro todo ano. E davam mais atenção pro carro do que pra gente. O tio C. não! Teve o fusquinha por anos. E ainda levava a gente pra passear nele. Nunca vi tanta criança dentro de um carro... 

Daí veio a sentença final: tio C. era um lorde, perto dos ogros que chamamos de pais.

E o que a criançada não sabia era que, além de ser um lorde fora de casa, meu pai era um um lorde dentro de casa também. Um lorde vegetariano, praticante de yoga e amante da natureza. Portanto, não era só nas brincadeiras que ele era diferente dos outros pais. Ele nos ensinava a importância de comer bem, fazer alongamentos de manhã, relaxar os músculos com meditação antes de dormir, reciclar o lixo e economizar água. Ou seja, coisas que acabaram influenciando minha vida para sempre, e para melhor. 

Quando vejo meus amigos sendo pais hoje, tenho a impressão de que há bem menos ogros nesse mundo. Não sei se é porque eles tiveram a sorte de ver um tio C. em ação quando eram crianças, ou se meu pai estava muito a frente do seu tempo. Em qualquer um dos casos, quantos mais pais como meu pai, melhor! 















2 comentários:

cláudio disse...

Mariana,
bons tempos, não? Ainda bem que só as lembranças positivas ficaram na memória das "crianças".
E uma grande satisfação comprovar o que disse tia Ivanira: vc escreve melhor que o Carlos Heitor Cony.
Gratíssimo por este presente.

Anônimo disse...

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