sexta-feira, 31 de julho de 2009

Cultura Cubana

A cultura cubana é sem dúvida mais próxima da brasileira que a cultura chinesa. Ainda assim, como em todo país, uma viagem permite descobrir pequenas e fascinantes diferenças culturais. Por exemplo, em contraste com os brasileiros, os cubanos me pareceram extremamente pontuais. Os ônibus chegam na hora programada, as pessoas chegam na hora marcada e os shows começam na hora agendada. Tudo parece funcionar de acordo com o relógio. Todavia, quando não tem uma agenda, um calendário ou um compromisso, os cubanos não carregam pressa (na verdade acho que nesses casos eles não carregam nenhuma noção de tempo, e muito menos um relógio).

Assim que cheguei a Cuba, fui no restaurante da esquina comer algo (porque a AirCanada adotou a moda Gol de não servir comida no vôo). Entrei, sentei, e demorou uns vinte minutos pra garçonete vir até minha mesa, perguntando o que eu queria. Pedi o menu. Mais meia hora. Se o menu, que já está pronto, demora meia hora pra chegar, imagine a comida... E antes que alguém sugira que o restaurante estava lotado, devo informá-los que havia três mesas ocupadas, incluíndo a minha. No meio da espera, resolvi ler meu guia. "Visitar Cuba exige muita paciência, bom humor e um gosto por aventura." Pois é. Quem me conhece bem pode imaginar que foram dez longos dias...

Uma segunda característica interessante da cultura cubana é como eles lidam com o calor. Os homens têm mania de levantar a blusa até o peito, deixando só a barriga de fora. Não sei se é um senso estético muito diferente do nosso, ou simplesmente costumes com mais pudores (afinal, se as mulheres não podem andar por aí com o peito à mostra, nada mais justo do que exigir que os homens também não o façam). Mas eu duvido que seja esse o caso, dada a quantidade de minissaias que eu vi (especialmente em repartições públicas) e shorts que, em muitos casos, eram menores que minhas calcinhas. Além das barrigas e coxas de fora, come-se sorvete o dia inteiro para compensar a absoluta falta de ar-condicionado numa ilha onde parece que a temperatura mínima é quarenta graus.

Por fim, cubanos têm alguns conceitos curiosos sobre comidas, que são especialmente relevantes para vegetarianos e diabéticos. Primeiro, pedir algo sem carne significa ou que eles vão cozinhar seu feijão com bacon, e tirar os pedacinhos de bacon antes de servir; ou que eles vão dizer que podem preparar sua omelete sem presunto e te servir uma omelete deliciosamente recheada de infinitos pedacinhos de presunto (e depois de esperar meia hora você pensa
pelo menos três vezes antes de mandar a omelete de volta pra cozinha). Meu guia diz que muitas vezes ele teve conversas inacreditáveis com garçons que diziam que podiam preparar um sanduíche de queijo com presunto, mas não podiam preparar um sanduíche só de queijo. Acho que meu guia ainda teve sorte de ser avisado com antecedência, o que não foi o caso da omelete...

Já os diabéticos precisam enfrentar o conceito cubano de "ter açucar". A primeira vez que perguntei no hotel se havia alguma bebida sem açucar o garçom me respondeu: coca-cola. Eu perguntei se tinha alguma outra coisa, e ele respondeu: refresco de laranja. Achando que era suco natural de laranja misturado com água, pedi um refresco. Cinco minutos depois, eu estava com um copo de Tang na mesa. Descobri, então, que "ter açucar" significa colocar uma colher de açucar em algo.

Fica, portanto, meu recado para todos os diabéticos, vegetarianos, impacientes, mal humorados, e pessoas aversas a qualquer tipo de risco: se vocês decidirem tirar férias, venham para Toronto!


3 comentários:

cláudio disse...

... ainda bem que Cuba não consta da minha lista de lugares a conhecer depois dos 60.

Maria Regina disse...

Oi Mariana...nenhum comentário sobre as lindas praias que devem, seguramente,constar no seu guia
como uma das maravilhas de Cuba?
E a música cubana?

Anônimo disse...

when are you going to update the other blog? and some pictures.. please :)

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