Vejam a suçuarana!
quinta-feira, 29 de abril de 2010
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Diários de uma diabética - Parte 1
Há um ano fui diagnosticada como diabética. A surpresa não foi tanto descobrir que eu tinha a doença - eu tinha predisposição desde os treze anos de idade - mas sim descobrir quão pouco eu sabia sobre a doença. Cresci com um pai diabético. Por causa disso, achei que eu tinha bastante familiaridade com a dieta a seguir e como controlar meus níveis de açúcar. E como eu tinha predisposição, sempre fui alertada sobre os sintomas de doença por médicos, pais e todo tipo de pessoa que resolvia desempenhar o papel de educador de vez em quando. Apesar de tudo isso, tanto a doença quanto todas as descobertas que se seguiram foram grandes surpresas.
Decidi ir ao médico porque minha cabeça tinha parado de funcionar. Minha memória foi indo aos poucos para o brejo até o ponto em que, ao chegar em casa à noite, eu não fazia a menor idéia do que tinha acontecido no meu dia. Era um grande esforço lembrar, e ainda assim o registro era cheio de buracos. Minha concentração se esvaiu aos poucos também. Ler foi ficando cada vez mais difícil e exigia cada vez mais tempo.
O ápice desse processo de perda de mémória e concentração foi um dia em que cheguei no escritório de manhã, abri minha caixa de emails e comecei a responder um email urgente. Dai eu me distrai com alguma outra coisa -- não sei se o telefone tocou ou se alguém entrou na minha sala -- e eu fui ler um livro. Uma hora e meia depois, eu volto para o computador e encontro a mensagem de email aberta, escrita até a metade, e abandonada à sua própria sorte. E eu não me assustei porque achei que tinha terminado. Eu me assustei porque a mensagem simplismente tinha se esvaído da minha cabeça e durante aquela uma hora e meia foi como se ela não existisse. Foi nesse dia que eu decidi ir ao médico.
Cheguei no médico com um sintoma e um pedido: meu cérebro parou de funcionar, e eu preciso dele de volta. Como eu tinha passado recentemente por um divórcio, achei que estava com depressão e sugeri que talvez essa fosse a fonte do problema. Ele perguntou se eu estava bebendo muita água, se tinha perdido peso, e se tinha notado alguma outra alteração. Sim, eu tinha. Eu estava tendo câimbras quando corria. E de fato eu estava bebendo mais água e tinha perdido um pouco de peso. Mas nada que tivesse chamado minha atenção. O diagnóstico veio no mesmo dia, com um exame de sangue.
Foi aqui que eu descobri que meu cérebro funciona a base de açúcar. Como meu corpo não estava conseguindo absorver o açúcar, tinha parado de funcionar. A mesma coisa com meu corpo. Apesar de eu comer a mesma quantidade de comida, meu corpo não estava absorvendo o açucar, o que explicava a perda de peso. E as câimbras vinham do fato de que meus músculos também estavam sem energia.
Porque eu não notei os outros sintomas e só me toquei quando meu cérebro parou de funcionar? Acho que a principal razão é que eu presto mais atenção no meu cérebro do que no resto do meu corpo (eu certamente uso mais ele). Além disso, a perda de peso e a quantidade de água que eu estava bebendo não eram grandes o suficiente para levantar suspeitas. Sempre achei que eu iria beber uma quantidade absurda de água quando estivesse com a doença. Minha médica ainda perguntou se eu não estava fazendo muito xixi. Falei que estava, mas pensei que era mais uma coisa de família. Como a mulherada da minha família sempre corre para o banheiro na primeira oportunidade, achei que eu só estava chegando na idade de fazer parte de troupe....
As pessoas me perguntam porque eu desenvolvi a doença. Acho que não dá para ignorar o fato de que eu tenho predisposição genética. Ou seja, outra pessoa, com uma vida idêntica à minha, mas sem meus genes, provavelmente não teria ficado diabética. Mas uma série de fatores contribuiram para que a doença se manifestasse mais cedo no meu caso. O primeiro é estresse. Minha endocrinologista me explicou que nosso corpo não evoluiu muito nessa área, e nossos hormônios ainda respondem a estímulos estressantes da mesma forma como respondiam os hormônios dos homens das cavernas. Portanto, quando eu tenho um prazo para mandar um paper para uma conferência, meu corpo interpreta aquilo como "tem um urso te ameaçando e você precisa correr para salvar sua vida". Resultado? Meu corpo joga um montão de açucar no meu sangue. E eu não uso o açúcar porque não estou correndo do urso. Ao contrário, estou sentada na frente de um computador usando, basicamente, meus dedos e meu cérebro. E por mais que eu pense, elocubre e imagine coisas nesse processo, meu cérebro não consegue consumir toda aquela quantidade de açucar (papers são assustadores às vezes, mas nada que se compare a um urso...). Quando esse processo se repete muitas vezes, o corpo acaba ficando resistente ao açucar e deixa de absorver ele. E, acreditem, foram muitos papers e prazos nos últimos anos...
E o estresse não veio só do trabalho. Recentemente saiu uma pesquisa questionando essa idéai de que casar faz bem pra saúde. Vários estudos mostram que pessoas casadas vivem mais, têm menos doenças, etc. Essa pesquisa mostrou, entrentanto, que pessoas divorciadas têm mais problemas de saúde que pessoas solteiras. Ou seja, não é qualquer casamento que faz bem, meu bem.
Mas o estresse sozinho não fez todo o serviço. Descobri que eu tenho um outro problema, chamado Síndrome do Ovário Policístico (PCOS) que deixa todos meus hormônios absolutamente fora de controle. Essa síndrome aumenta o risco de diabetes. Como a danada encaracolou meu cabelo no ano passado, eu não duvido nada que ela tenha também dado sua contribuição para a doença.
Por fim, maus hábitos alimentares. Eu confesso: eu comia muito doce, tinha refeições fora do horário, e tinha uma dieta com muito pouca coisa para me orgulhar. Tem uma hora que seu corpo diz:
- Chega. Não aguento mais fazer todo o serviço aqui. Você vai ter que fazer uma parte do serviço agora.
Foi quase como se eu fosse casada com alguém e passasse o dia inteiro na frente da TV tomando cerveja. Um dia a pessoa entrou em greve e deixou a casa ficar em um estado de completa e total anarquia, além de me deixar sem comida. Só me restou levantar, começar a arrumar a casa, fazer as compras e cozinhar. E foi isso que eu fiz.
Decidi ir ao médico porque minha cabeça tinha parado de funcionar. Minha memória foi indo aos poucos para o brejo até o ponto em que, ao chegar em casa à noite, eu não fazia a menor idéia do que tinha acontecido no meu dia. Era um grande esforço lembrar, e ainda assim o registro era cheio de buracos. Minha concentração se esvaiu aos poucos também. Ler foi ficando cada vez mais difícil e exigia cada vez mais tempo.
O ápice desse processo de perda de mémória e concentração foi um dia em que cheguei no escritório de manhã, abri minha caixa de emails e comecei a responder um email urgente. Dai eu me distrai com alguma outra coisa -- não sei se o telefone tocou ou se alguém entrou na minha sala -- e eu fui ler um livro. Uma hora e meia depois, eu volto para o computador e encontro a mensagem de email aberta, escrita até a metade, e abandonada à sua própria sorte. E eu não me assustei porque achei que tinha terminado. Eu me assustei porque a mensagem simplismente tinha se esvaído da minha cabeça e durante aquela uma hora e meia foi como se ela não existisse. Foi nesse dia que eu decidi ir ao médico.
Cheguei no médico com um sintoma e um pedido: meu cérebro parou de funcionar, e eu preciso dele de volta. Como eu tinha passado recentemente por um divórcio, achei que estava com depressão e sugeri que talvez essa fosse a fonte do problema. Ele perguntou se eu estava bebendo muita água, se tinha perdido peso, e se tinha notado alguma outra alteração. Sim, eu tinha. Eu estava tendo câimbras quando corria. E de fato eu estava bebendo mais água e tinha perdido um pouco de peso. Mas nada que tivesse chamado minha atenção. O diagnóstico veio no mesmo dia, com um exame de sangue.
Foi aqui que eu descobri que meu cérebro funciona a base de açúcar. Como meu corpo não estava conseguindo absorver o açúcar, tinha parado de funcionar. A mesma coisa com meu corpo. Apesar de eu comer a mesma quantidade de comida, meu corpo não estava absorvendo o açucar, o que explicava a perda de peso. E as câimbras vinham do fato de que meus músculos também estavam sem energia.
Porque eu não notei os outros sintomas e só me toquei quando meu cérebro parou de funcionar? Acho que a principal razão é que eu presto mais atenção no meu cérebro do que no resto do meu corpo (eu certamente uso mais ele). Além disso, a perda de peso e a quantidade de água que eu estava bebendo não eram grandes o suficiente para levantar suspeitas. Sempre achei que eu iria beber uma quantidade absurda de água quando estivesse com a doença. Minha médica ainda perguntou se eu não estava fazendo muito xixi. Falei que estava, mas pensei que era mais uma coisa de família. Como a mulherada da minha família sempre corre para o banheiro na primeira oportunidade, achei que eu só estava chegando na idade de fazer parte de troupe....
As pessoas me perguntam porque eu desenvolvi a doença. Acho que não dá para ignorar o fato de que eu tenho predisposição genética. Ou seja, outra pessoa, com uma vida idêntica à minha, mas sem meus genes, provavelmente não teria ficado diabética. Mas uma série de fatores contribuiram para que a doença se manifestasse mais cedo no meu caso. O primeiro é estresse. Minha endocrinologista me explicou que nosso corpo não evoluiu muito nessa área, e nossos hormônios ainda respondem a estímulos estressantes da mesma forma como respondiam os hormônios dos homens das cavernas. Portanto, quando eu tenho um prazo para mandar um paper para uma conferência, meu corpo interpreta aquilo como "tem um urso te ameaçando e você precisa correr para salvar sua vida". Resultado? Meu corpo joga um montão de açucar no meu sangue. E eu não uso o açúcar porque não estou correndo do urso. Ao contrário, estou sentada na frente de um computador usando, basicamente, meus dedos e meu cérebro. E por mais que eu pense, elocubre e imagine coisas nesse processo, meu cérebro não consegue consumir toda aquela quantidade de açucar (papers são assustadores às vezes, mas nada que se compare a um urso...). Quando esse processo se repete muitas vezes, o corpo acaba ficando resistente ao açucar e deixa de absorver ele. E, acreditem, foram muitos papers e prazos nos últimos anos...
E o estresse não veio só do trabalho. Recentemente saiu uma pesquisa questionando essa idéai de que casar faz bem pra saúde. Vários estudos mostram que pessoas casadas vivem mais, têm menos doenças, etc. Essa pesquisa mostrou, entrentanto, que pessoas divorciadas têm mais problemas de saúde que pessoas solteiras. Ou seja, não é qualquer casamento que faz bem, meu bem.
Mas o estresse sozinho não fez todo o serviço. Descobri que eu tenho um outro problema, chamado Síndrome do Ovário Policístico (PCOS) que deixa todos meus hormônios absolutamente fora de controle. Essa síndrome aumenta o risco de diabetes. Como a danada encaracolou meu cabelo no ano passado, eu não duvido nada que ela tenha também dado sua contribuição para a doença.
Por fim, maus hábitos alimentares. Eu confesso: eu comia muito doce, tinha refeições fora do horário, e tinha uma dieta com muito pouca coisa para me orgulhar. Tem uma hora que seu corpo diz:
- Chega. Não aguento mais fazer todo o serviço aqui. Você vai ter que fazer uma parte do serviço agora.
Foi quase como se eu fosse casada com alguém e passasse o dia inteiro na frente da TV tomando cerveja. Um dia a pessoa entrou em greve e deixou a casa ficar em um estado de completa e total anarquia, além de me deixar sem comida. Só me restou levantar, começar a arrumar a casa, fazer as compras e cozinhar. E foi isso que eu fiz.
domingo, 18 de abril de 2010
Não estou sozinha no mundo, definitivamente!
Nos últimos dias, tive todas as confirmações possíveis de que não estou sozinha no mundo.
Primeiro, descobri que Tutty Vasques também acha que a jornalista estava de TPM.
Segundo, eu terminei de ler o livro de um escritor japonês que, assim como eu, corre nas horas vagas. O livro provalvemente seria chatíssimo pra quem não corre ou pra quem não é fã do escritor, o Murakami. Mas pra mim foi uma experiência única. Descobri um cara tão pessimista, idiossincrático e obsecado com trabalho quanto eu. Selecionei vários trechos pra colocar aqui, mas ainda não tive tempo de traduzir. Aguardem!

Terceiro, descobri que tem um urso polar tão preocupado com privacidade quanto eu. Incomodado com os fotógrafos, ele avançou, espantou todo mundo e ainda levou o tripé da câmera como troféu. Eu teria feito exatamente a mesma coisa se viessem me importunar no meu habitat natural!

Quarto, descobri duas comidas que tornaram minha semana muito mais agradável: polenguinho canadense e pão para diabéticos. Para quem achou que Polenguinho era um nome ridículo, é melhor você rever seus conceitos. A versão canadense é feita por uma empresa que chama "A Vaca que Ri" e, ao invés de vir em quadrados, vem em triângulos. Mas é tão gostoso quanto o nosso polenguinho.

Já o pão para diabéticos foi mais uma aventura. O pão é feito com "hemp" que é a uma palavra que eu pensei que era usada pra se referir a maconha. Ou seja, como eu não posso comer farinha de trigo, eles fizeram pão com maconha só pra mim...


Todavia, o pão não deu barato. Depois me explicaram que "hemp" é a fibra do caule da planta (chamado cânhamo) e o que dá barato é a flor. Portanto, nada de ficar alegrinha com o pão. Mas eu medi o meu nível de açucar e estava de fato tudo bem! Isso significa que eu pude me dar ao luxo de comer uma torrada e um sanduiche de queijo grelhado, depois de um ano sem essas coisas. Tudo isso porque tem um bando de maconheiros pensando em como usar todos os caules que eles não conseguem fumar e decidiram explorar esse mercado dos diabéticos pra sustentar o vício deles. Uma parceria e tanto!
Por fim, saiu uma matéria no jornal sobre pessoas que tiram fotos dos pratos antes de comê-los, como eu.

Segue, portanto, minhas últimas fotos de pratos deliciosos que andei comendo por ai.




Primeiro, descobri que Tutty Vasques também acha que a jornalista estava de TPM.
Segundo, eu terminei de ler o livro de um escritor japonês que, assim como eu, corre nas horas vagas. O livro provalvemente seria chatíssimo pra quem não corre ou pra quem não é fã do escritor, o Murakami. Mas pra mim foi uma experiência única. Descobri um cara tão pessimista, idiossincrático e obsecado com trabalho quanto eu. Selecionei vários trechos pra colocar aqui, mas ainda não tive tempo de traduzir. Aguardem!
Terceiro, descobri que tem um urso polar tão preocupado com privacidade quanto eu. Incomodado com os fotógrafos, ele avançou, espantou todo mundo e ainda levou o tripé da câmera como troféu. Eu teria feito exatamente a mesma coisa se viessem me importunar no meu habitat natural!
Quarto, descobri duas comidas que tornaram minha semana muito mais agradável: polenguinho canadense e pão para diabéticos. Para quem achou que Polenguinho era um nome ridículo, é melhor você rever seus conceitos. A versão canadense é feita por uma empresa que chama "A Vaca que Ri" e, ao invés de vir em quadrados, vem em triângulos. Mas é tão gostoso quanto o nosso polenguinho.
Já o pão para diabéticos foi mais uma aventura. O pão é feito com "hemp" que é a uma palavra que eu pensei que era usada pra se referir a maconha. Ou seja, como eu não posso comer farinha de trigo, eles fizeram pão com maconha só pra mim...
Todavia, o pão não deu barato. Depois me explicaram que "hemp" é a fibra do caule da planta (chamado cânhamo) e o que dá barato é a flor. Portanto, nada de ficar alegrinha com o pão. Mas eu medi o meu nível de açucar e estava de fato tudo bem! Isso significa que eu pude me dar ao luxo de comer uma torrada e um sanduiche de queijo grelhado, depois de um ano sem essas coisas. Tudo isso porque tem um bando de maconheiros pensando em como usar todos os caules que eles não conseguem fumar e decidiram explorar esse mercado dos diabéticos pra sustentar o vício deles. Uma parceria e tanto!
Por fim, saiu uma matéria no jornal sobre pessoas que tiram fotos dos pratos antes de comê-los, como eu.

Segue, portanto, minhas últimas fotos de pratos deliciosos que andei comendo por ai.



terça-feira, 13 de abril de 2010
Girls Day Out: uma tarde na vida de acadêmicas
Quando as meninas saem em grupo pra se divertir, o pessoal costuma dizer que elas tiveram uma Girls Night Out. Ontem, pra comemorar o fim das aulas, eu e umas colegas tivemos um Girls Day Out. Ou seja, tivemos uma balada diurna. Como as "meninas" são todas professoras universitárias, toda a experiência foi, no mínimo, curiosa.
Decidimos assistir a uma sessão de cinema no meio da tarde. Quem pode se dar ao luxo de ir ao cinema `as 2 da tarde em plena segunda-feira? Acadêmicos sempre podem (afinal, você sempre pode varar a madrugada trabalhando no seu "paper", já que não tem chefe nenhum esperando pra você bater o ponto de entrada e de saída). O problema é que a possibilidade existe em teoria, mas não na prática. Durante o ano letivo, a gente passa o dia preparando e dando aulas pra trabalhar nos papers `a noite. Se a gente for no cinema, vamos ter um problemão no dia seguinte: ou a aula não está preparada ou não sobra tempo pra trabalhar no paper. Mas as aulas acabaram semana passada. Portanto, podemos trabalhar no nossos papers `a noite agora... Decidimos então aproveitar essa regalia.
Mas ir no cinema com acadêmicos não é facil: acadêmicos não fazem nada sem antes fazer uma pesquisa sobre o assunto. Imagine, portanto, um grupo de mulheres pesquisando freneticamente os filmes que estão passando, enquanto consideram fatores como proximidade do cinema, horário da sessão, preço do ingresso, o diretor, e todas as críticas do filme. Isso sem contar as preferências pessoais de cada uma. Ou seja, foi preciso quase uma semana toda, e muitos emails, pra conseguirmos decidir onde ir e que filme assistir. Decidimos ver Chloe, um filme com a Julianne Moore dirigido por um diretor Canadense, Atom Egoyan.
Nos encontramos depois do almoço e fomos até o cinema caminhando. Qualquer estranho ouvindo nossas conversas não ia demorar muito tempo pra descobrir que éramos acadêmicas. Primeiro, como todas carregavam mochilas, começamos a discutir as qualidades de diferentes mochilas. Todas tinham opiniões e recomendações sobre marcas, espaço, suporte, dores nas costas, etc. Afinal, carregar livros e laptops para cima e pra baixo exige infraestrutura!
Passamos das mochilas para cadeiras de escritório. Como passamos horas sentadas na frente de um computador, todas têm um vasto conhecimento sobre as marcas mais ergonômicas e ao mesmo tempo mais baratas. Claro que o sonho de consumo de todas é uma Aeron Chair da Herman Miller, mas não é todo mundo que pode pagar 1.000 dólares por uma cadeira... E já que estávamos falando de ficar horas na frente do computador, passamos para mouses e teclado e LER (lesão por esforço repetitivo). De novo, todo mundo tinha técnicas e informações sobre como evitar -- a maior parte delas adquiridas depois de alguma experiência desagradável...
Depois dessa caminhada instrutiva, chegamos ao cinema. O filme é bom até a metade, mas todas concordamos que degringola da metade para o final. O sofisticado suspense psicológico do início do filme é substituído no meio do caminho por um suspense de filme de terror. A história é muito parecida com atração fatal (em que a amante do sujeito leva um pé na bunda e começa a perseguir a família dele). Mas o mais engraçado foi sairmos todas do cinema igualmente tensas com o suspense. Eu achei que era só eu que ficava com os ombros doendo de tanta tensão com esse filmes. Descobri que não... Uma das minhas colegas saiu do cinema com dor de cabeça. Ficamos todas abaladas com o "thriller". Ou seja, além de sermos pessoas que carregam mochilas cheias de livros todos os dias, sentam na frente do computador por uma infinidade de horas e têm LER, somos também todas pessoas muito tensas.
Decidimos tomar um café depois do filme. E a conversa foi, de novo, relevadora de quantas coisas temos em comum.
***preciso avisar meus leitores que vou relevar agora o final do filme. Portanto, se você planeja assistir Chloe, deixe para terminar de ler esse post depois***
Uma colega falou que provavelmente era politicamente incorreto dizer isso, mas que ela tinha ficado aliviada quando a amante/prostituta morreu. Afinal, a confusão parecia não ter solução: depois de muitas ameaças e chantagem, a amante estava começando a se envolver com o filho do casal, pra ter acesso `a casa. Eu confessei que também tinha ficado aliviada, mas acho que mais do que falta de sensibilidade com valores socialmente aceitos esse sentimento revela nossos altos níveis de ansiedade. Sim, somos todas pessoas muito ansiosas que precisam ter controle das coisas. As coisas precisam ter horário e seguir um plano -- nosso plano.
Todas concordaram com o comentário. Uma colega disse que a cena do filme foi semelhante ao dia em que ela decidiu jogar fora todas as plantas. Disse ela que adorava cuidar de plantas, e tinha muitas. Inclusive orquídeas. Um dia, no meio do inverno, ela levantou da cama, pegou todos os vasos e colocou na lixeira, do lado de fora da casa. Disse ela que estava ficando louca com dois filhos pequenos, um doutorado pra terminar, e uma casa pra cuidar. E completou que a cena dela marchando com as plantas para fora de casa e colocando todas elas na neve foi típica de filme: uma mulher totalmente louca e fora de controle fazendo algo totalmente inesperado, como em Chloe. Mas era ela ou as plantas. Outra falou que fez a mesma coisa com o cachorro. Não dava pra cuidar da filha, do marido com pé quebrado, do doutorado por terminar, do gato e do cachorro. Foi-se o cachorro. Ou seja, amantes, plantas ou cachorros podem se tornar questões de vida ou morte para nós, acadêmicas.
Às vezes as pessoas me perguntam porque eu não mudo de profissão. As pessoas precisam apenas observar nossa tarde no cinema, pra concluir que ser uma acadêmica não é fácil. Eu acho, todavia, que o problema não é a profissão, mas nossas personalidades. Nós não somos tensas, obsecadas, controladoras a workaholics porque somos acadêmicas. Ao contrário, acho que a academia atrai esse tipo de pessoa. Ainda que eu decidisse virar caixa de supermercado, e minhas colegas decidissem ficar em casa cuidando dos filhos, iríamos agir da mesma forma. A pergunta, portanto, é porque escolhemos essa profissão. E a minha resposta é sempre a mesma: porque ao contrário de filhos, chefes, clientes, e animais de estimação nossos "papers" sempre fazem o que nós queremos, do jeito que queremos, na hora que queremos, e nunca argumentam contra a gente. E sempre podemos "matar" o paper se ele não se comportar. Não há, portanto, profissão melhor pra gente como a gente.
Decidimos assistir a uma sessão de cinema no meio da tarde. Quem pode se dar ao luxo de ir ao cinema `as 2 da tarde em plena segunda-feira? Acadêmicos sempre podem (afinal, você sempre pode varar a madrugada trabalhando no seu "paper", já que não tem chefe nenhum esperando pra você bater o ponto de entrada e de saída). O problema é que a possibilidade existe em teoria, mas não na prática. Durante o ano letivo, a gente passa o dia preparando e dando aulas pra trabalhar nos papers `a noite. Se a gente for no cinema, vamos ter um problemão no dia seguinte: ou a aula não está preparada ou não sobra tempo pra trabalhar no paper. Mas as aulas acabaram semana passada. Portanto, podemos trabalhar no nossos papers `a noite agora... Decidimos então aproveitar essa regalia.
Mas ir no cinema com acadêmicos não é facil: acadêmicos não fazem nada sem antes fazer uma pesquisa sobre o assunto. Imagine, portanto, um grupo de mulheres pesquisando freneticamente os filmes que estão passando, enquanto consideram fatores como proximidade do cinema, horário da sessão, preço do ingresso, o diretor, e todas as críticas do filme. Isso sem contar as preferências pessoais de cada uma. Ou seja, foi preciso quase uma semana toda, e muitos emails, pra conseguirmos decidir onde ir e que filme assistir. Decidimos ver Chloe, um filme com a Julianne Moore dirigido por um diretor Canadense, Atom Egoyan.
Nos encontramos depois do almoço e fomos até o cinema caminhando. Qualquer estranho ouvindo nossas conversas não ia demorar muito tempo pra descobrir que éramos acadêmicas. Primeiro, como todas carregavam mochilas, começamos a discutir as qualidades de diferentes mochilas. Todas tinham opiniões e recomendações sobre marcas, espaço, suporte, dores nas costas, etc. Afinal, carregar livros e laptops para cima e pra baixo exige infraestrutura!
Passamos das mochilas para cadeiras de escritório. Como passamos horas sentadas na frente de um computador, todas têm um vasto conhecimento sobre as marcas mais ergonômicas e ao mesmo tempo mais baratas. Claro que o sonho de consumo de todas é uma Aeron Chair da Herman Miller, mas não é todo mundo que pode pagar 1.000 dólares por uma cadeira... E já que estávamos falando de ficar horas na frente do computador, passamos para mouses e teclado e LER (lesão por esforço repetitivo). De novo, todo mundo tinha técnicas e informações sobre como evitar -- a maior parte delas adquiridas depois de alguma experiência desagradável...
Depois dessa caminhada instrutiva, chegamos ao cinema. O filme é bom até a metade, mas todas concordamos que degringola da metade para o final. O sofisticado suspense psicológico do início do filme é substituído no meio do caminho por um suspense de filme de terror. A história é muito parecida com atração fatal (em que a amante do sujeito leva um pé na bunda e começa a perseguir a família dele). Mas o mais engraçado foi sairmos todas do cinema igualmente tensas com o suspense. Eu achei que era só eu que ficava com os ombros doendo de tanta tensão com esse filmes. Descobri que não... Uma das minhas colegas saiu do cinema com dor de cabeça. Ficamos todas abaladas com o "thriller". Ou seja, além de sermos pessoas que carregam mochilas cheias de livros todos os dias, sentam na frente do computador por uma infinidade de horas e têm LER, somos também todas pessoas muito tensas.
Decidimos tomar um café depois do filme. E a conversa foi, de novo, relevadora de quantas coisas temos em comum.
***preciso avisar meus leitores que vou relevar agora o final do filme. Portanto, se você planeja assistir Chloe, deixe para terminar de ler esse post depois***
Uma colega falou que provavelmente era politicamente incorreto dizer isso, mas que ela tinha ficado aliviada quando a amante/prostituta morreu. Afinal, a confusão parecia não ter solução: depois de muitas ameaças e chantagem, a amante estava começando a se envolver com o filho do casal, pra ter acesso `a casa. Eu confessei que também tinha ficado aliviada, mas acho que mais do que falta de sensibilidade com valores socialmente aceitos esse sentimento revela nossos altos níveis de ansiedade. Sim, somos todas pessoas muito ansiosas que precisam ter controle das coisas. As coisas precisam ter horário e seguir um plano -- nosso plano.
Todas concordaram com o comentário. Uma colega disse que a cena do filme foi semelhante ao dia em que ela decidiu jogar fora todas as plantas. Disse ela que adorava cuidar de plantas, e tinha muitas. Inclusive orquídeas. Um dia, no meio do inverno, ela levantou da cama, pegou todos os vasos e colocou na lixeira, do lado de fora da casa. Disse ela que estava ficando louca com dois filhos pequenos, um doutorado pra terminar, e uma casa pra cuidar. E completou que a cena dela marchando com as plantas para fora de casa e colocando todas elas na neve foi típica de filme: uma mulher totalmente louca e fora de controle fazendo algo totalmente inesperado, como em Chloe. Mas era ela ou as plantas. Outra falou que fez a mesma coisa com o cachorro. Não dava pra cuidar da filha, do marido com pé quebrado, do doutorado por terminar, do gato e do cachorro. Foi-se o cachorro. Ou seja, amantes, plantas ou cachorros podem se tornar questões de vida ou morte para nós, acadêmicas.
Às vezes as pessoas me perguntam porque eu não mudo de profissão. As pessoas precisam apenas observar nossa tarde no cinema, pra concluir que ser uma acadêmica não é fácil. Eu acho, todavia, que o problema não é a profissão, mas nossas personalidades. Nós não somos tensas, obsecadas, controladoras a workaholics porque somos acadêmicas. Ao contrário, acho que a academia atrai esse tipo de pessoa. Ainda que eu decidisse virar caixa de supermercado, e minhas colegas decidissem ficar em casa cuidando dos filhos, iríamos agir da mesma forma. A pergunta, portanto, é porque escolhemos essa profissão. E a minha resposta é sempre a mesma: porque ao contrário de filhos, chefes, clientes, e animais de estimação nossos "papers" sempre fazem o que nós queremos, do jeito que queremos, na hora que queremos, e nunca argumentam contra a gente. E sempre podemos "matar" o paper se ele não se comportar. Não há, portanto, profissão melhor pra gente como a gente.
TPM no noticiário
Li uma notícia de que uma apresentadora de TV gerou polêmica hoje por fazer comentários inesperados no noticiário. Dizem que ela estava um pouco alterada. Minha aposta é que ela estava de TPM... Mulheres ficam fora de controle quando estão de TPM.
Enquanto alguns recomendam mudar a alimentação pra mitigar os efeitos das alterações hormonais, eu acho que as mulheres deveriam ter licença médica nesses dias. Tenho certeza que todos meus alunos concordariam que TPM é uma questão de saúde pública!
Enquanto alguns recomendam mudar a alimentação pra mitigar os efeitos das alterações hormonais, eu acho que as mulheres deveriam ter licença médica nesses dias. Tenho certeza que todos meus alunos concordariam que TPM é uma questão de saúde pública!
sábado, 3 de abril de 2010
Virando adulta
Essa semana eu decidi tomar conta das minhas finanças. Além de me sentir muito adulta, tive várias lições sobre finanças em geral, e sobre as minhas finanças em particular. Seguem algumas curiosidades.
Primeiro, eu descobri que o sistema bancário canadense é um oligopólio, controlado por cinco grandes bancos. Portanto, as taxas bancárias são altas e o retorno para investimentos são baixos. Eu, obviamente, estava deixando minhas finanças nas mãos destes oportunistas... Mas agora tudo mudou. Descobri que esses conglomerados bancários só existem porque o sistema bancário canadense impõe uma série de obstáculos para a entrada da bancos estrangeiros no país. Enquanto os bancos canadenses estão sujeitos a um tipo de regulação, os bancos estrangeiros estão sujeitos a outro tipo. E essa regulação torna a vida deles bastante dura.
Mas banqueiros são espertos e eles descobriram mil e uma maneiras de entrar no mercado canadense e conseguir competir com o oligopólio. A minha história favorita é a da ING, que é um conglomerado holandês. Eles viram que para oferecer menores taxas e mais retorno precisavam reduzir custos. Para tanto, eles oferecem serviços no Canadá pela internet e pelo telefone, mas sem agências. Assim, eles não tem que pagar aluguel, luz, água e salários de um montão de pessoas pra operar no Canadá. Resultado? A minha poupança que rendia 1% em um dos bancos grandes agora rende 3% ao ano...
Estão curiosos pra saber como a ING funciona? Veja o website deles.
A segunda coisa que eu descobri é que eu recentemente me tornei uma "uninsurable". Acho que a tradução para o português é insegurável, o que significa uma pessoa que não consegue comprar uma apólice em nenhuma empresa de seguros. Faz sentido. Diabetes aumenta o risco de ataque do coração, derrame, perda de visão, amputação de membros, problemas com rins, etc, etc, etc. Sabendo disso, as empresas de seguro se recusam a oferecer apólicies pra quem adquiriu diabetes antes de completar 40 anos. O seguro de saúde é garantido, mas seguro de vida, ou seguro contra doenças crônicas estão, em tese, fora do meu alcance.
Mas onde tem um mercado, tem empresas tentando explorá-lo. Portanto, uma empresa de seguros viu há algumas décadas que existia um mercado grande de uninsurables, que era basicamente constituído de motoristas de caminhão. Essas pessoas viviam de maneira arriscada (do ponto de vista da empresa de seguros). Não faziam refeições regulares, consumiam comida gordurosa, bebiam muito álcool, corriam altos de riscos de acidentes graves (por estar na estrada o dia inteiro), e viviam com companhias nem sempre confiáveis, fazendo sexo nem sempre seguro. Ou seja, altíssima probabilidade de que eles iam precisar do seguro em algum momento.Daí uma empresa decidiu explorar esse mercado, e criou um seguro para motoristas de caminhão.
Pra ser precisa, o seguro já existia para outras pessoas. A novidade aqui é que ele é oferecido pra quem não conseguia comprá-lo antes. Ele funciona assim: o seguro é pago quando a pessoa é diagnosticada com alguma doença, mas sobrevive o diagnóstico. A quantia é paga um mês após o diagnóstico, e tem como propósito aliviar os custos com remédios, ausências no trabalho, ou qualquer tipo de assistência (familiar ou profissional) que for necessária. Ou seja, feito o diagnóstico, recebe-se o dinheiro em vida, diferentemente do seguro de vida. E tem uma empresa que oferece o seguro para pessoas que não conseguem uma apólice com as outras empresas por causa do estilo de vida (caminhoneiros) our por causa de outras doenças (como diabetes). A empresa chama Edge, e é parte do oligopólio.
Ou seja, depois de tirar o meu dinheiro do oligopólio, depositei minha vida nas mãos deles (pelo menos até o governo abrir o mercado de seguros aqui no Canadá).
Terceiro, descobri que não vou ficar milionária. Com café ou sem café de manhã, as perspectivas mais otimistas que eu consigo fazer me dizem que eu vou ter uma vida confortável, mas não vou ficar podre de rica. Exceto se eu conseguir um filme para colocar no you tube. Foi isso que aconteceu com os pais do David, que colocaram esse filme no you tube pra família ver e hoje o filme gera a maior parte da renda da família.
Em suma, se eu tiver um filme assim, eu posso ficar milionária. Em contraste, os royalties de publicações talvez sejam suficientes para pagar uma entrada de cinema.
Resumo das lições da semana: existem coisas com as quais o oligopólio pode me ajudar, coisas com as quais o oligopólio vai atrapalhar, mas com certeza o oligopólio não vai nem ajudar nem me atrapalhar caso um dia eu decida me tornar uma milionária. Resta me conformar, e comprar uma câmera de vídeo portátil (just in case...).
Primeiro, eu descobri que o sistema bancário canadense é um oligopólio, controlado por cinco grandes bancos. Portanto, as taxas bancárias são altas e o retorno para investimentos são baixos. Eu, obviamente, estava deixando minhas finanças nas mãos destes oportunistas... Mas agora tudo mudou. Descobri que esses conglomerados bancários só existem porque o sistema bancário canadense impõe uma série de obstáculos para a entrada da bancos estrangeiros no país. Enquanto os bancos canadenses estão sujeitos a um tipo de regulação, os bancos estrangeiros estão sujeitos a outro tipo. E essa regulação torna a vida deles bastante dura.
Mas banqueiros são espertos e eles descobriram mil e uma maneiras de entrar no mercado canadense e conseguir competir com o oligopólio. A minha história favorita é a da ING, que é um conglomerado holandês. Eles viram que para oferecer menores taxas e mais retorno precisavam reduzir custos. Para tanto, eles oferecem serviços no Canadá pela internet e pelo telefone, mas sem agências. Assim, eles não tem que pagar aluguel, luz, água e salários de um montão de pessoas pra operar no Canadá. Resultado? A minha poupança que rendia 1% em um dos bancos grandes agora rende 3% ao ano...
Estão curiosos pra saber como a ING funciona? Veja o website deles.
A segunda coisa que eu descobri é que eu recentemente me tornei uma "uninsurable". Acho que a tradução para o português é insegurável, o que significa uma pessoa que não consegue comprar uma apólice em nenhuma empresa de seguros. Faz sentido. Diabetes aumenta o risco de ataque do coração, derrame, perda de visão, amputação de membros, problemas com rins, etc, etc, etc. Sabendo disso, as empresas de seguro se recusam a oferecer apólicies pra quem adquiriu diabetes antes de completar 40 anos. O seguro de saúde é garantido, mas seguro de vida, ou seguro contra doenças crônicas estão, em tese, fora do meu alcance.
Mas onde tem um mercado, tem empresas tentando explorá-lo. Portanto, uma empresa de seguros viu há algumas décadas que existia um mercado grande de uninsurables, que era basicamente constituído de motoristas de caminhão. Essas pessoas viviam de maneira arriscada (do ponto de vista da empresa de seguros). Não faziam refeições regulares, consumiam comida gordurosa, bebiam muito álcool, corriam altos de riscos de acidentes graves (por estar na estrada o dia inteiro), e viviam com companhias nem sempre confiáveis, fazendo sexo nem sempre seguro. Ou seja, altíssima probabilidade de que eles iam precisar do seguro em algum momento.Daí uma empresa decidiu explorar esse mercado, e criou um seguro para motoristas de caminhão.
Pra ser precisa, o seguro já existia para outras pessoas. A novidade aqui é que ele é oferecido pra quem não conseguia comprá-lo antes. Ele funciona assim: o seguro é pago quando a pessoa é diagnosticada com alguma doença, mas sobrevive o diagnóstico. A quantia é paga um mês após o diagnóstico, e tem como propósito aliviar os custos com remédios, ausências no trabalho, ou qualquer tipo de assistência (familiar ou profissional) que for necessária. Ou seja, feito o diagnóstico, recebe-se o dinheiro em vida, diferentemente do seguro de vida. E tem uma empresa que oferece o seguro para pessoas que não conseguem uma apólice com as outras empresas por causa do estilo de vida (caminhoneiros) our por causa de outras doenças (como diabetes). A empresa chama Edge, e é parte do oligopólio.
Ou seja, depois de tirar o meu dinheiro do oligopólio, depositei minha vida nas mãos deles (pelo menos até o governo abrir o mercado de seguros aqui no Canadá).
Terceiro, descobri que não vou ficar milionária. Com café ou sem café de manhã, as perspectivas mais otimistas que eu consigo fazer me dizem que eu vou ter uma vida confortável, mas não vou ficar podre de rica. Exceto se eu conseguir um filme para colocar no you tube. Foi isso que aconteceu com os pais do David, que colocaram esse filme no you tube pra família ver e hoje o filme gera a maior parte da renda da família.
Em suma, se eu tiver um filme assim, eu posso ficar milionária. Em contraste, os royalties de publicações talvez sejam suficientes para pagar uma entrada de cinema.
Resumo das lições da semana: existem coisas com as quais o oligopólio pode me ajudar, coisas com as quais o oligopólio vai atrapalhar, mas com certeza o oligopólio não vai nem ajudar nem me atrapalhar caso um dia eu decida me tornar uma milionária. Resta me conformar, e comprar uma câmera de vídeo portátil (just in case...).
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