quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O que é bom dura pouco - parte 3

Assim que cheguei da Califórnia, compartilhei com o pessoal do clube de corrida meu entusiasmo pelo lugar. Sugeri que todo o clube de corrida se mudasse para a Califórnia. Mas não demorou muito pra acabarem com a minha festa. Uma americana me informou que a Califórnia atualmente se encontra sobre uma falha geológica, e qualquer dia vai se separar do continente e afundar. Ou seja, a gente pode visitar, mas nada de morar lá, pois aquele lugar bonito e ensolarado, com todas aquelas pessoas sorridentes vai parar no fundo do oceano...

No dia seguinte, compartilhei com uma colega da faculdade meu entusiasmo com a terapia. Ela me informou que não há dados empíricos que comprovem o valor de conversar com um profissional. Segundo ela, todos os estudos indicam que falar sobre seus problemas com um terapeuta, com uma amiga, com o padeiro na esquina, ou com um estranho a caminho do trabalho surtem exatamente o mesmo efeito. Se soubesse disso antes tinha economizado um grana...

E pra coroar minha semana estraga prazeres, me voluntariei para servir de cobaia para um estudo sobre diabetes. O estudo está sendo conduzido pelo Dr. Jenkins, que criou o índice glicêmico. Decidi ir porque sou fã do cara. E porque eu acho que pesquisa é importante. Mas me decepcionei, por duas razões. Primeiro, porque o propósito da reunião (que era esclarecer os detalhes do estudo e tirar dúvidas de quem decidir participar) foi totalmente deturpado por um bando de gente que viu aquilo como uma oportunidade para consultar um médico sobre toda e qualquer preocupação relacionada à saúde deles. Ou seja, as pessoas acharam que se tratava de uma consulta gratuita. Todavia, desisti de ficar lá quando uma senhora virou para o Dr. Jenkins e falou:

- Às vezes, quando eu levanto, eu fico tonta. Você sabe porque isso acontece?

Minha segunda decepção foi o fato de que o Dr. Jenkins, que deveria estar tolhendo esse tipo de pergunta, e fazendo as pessoas focarem no fato de que aquilo era uma sessão de informação sobre o estudo que ele está conduzindo, estava respondendo tudo. Mas eu achei que essa mulher tinha passado dos limites. Ele, todavia, calmamente respondeu:

- Isso acontece porque você levanta muito rápido, e não dá tempo do sangue chegar no seu cérebro. 
- E o que eu faço sobre isso?
- Levante mais devagar.

Eu aproveitei a deixa pra levantar bem devagar e aproveitar todo o sangue no meu cérebro para fazer algo mais produtivo.

Como diz N., a realidade nunca é tão bonita quanto sua imaginação. Nunca.  

Um comentário:

Maria Regina disse...

Oi Mariana:
Ri muito do último episódio e fico aqui pensando se os médicos anestesistas escolheram essa especialidade para evitar pacientes e suas
preocupações....