acho que dá para afirmar que o PT não é o único --e nem mesmo o principal-- artífice da bonança econômica. O Brasil vai agora relativamente bem porque se formaram alguns consensos importantes em relação, principalmente, a qual modelo seguir. Desde então, paramos de inventar bruxarias e tentar reinventar a roda. Firmes em direção a um norte, e com uma mãozinha da China que compra quase tudo o que somos capazes de extrair da terra, os resultados apareceram.
Para sermos honestos, é preciso dizer que esse consenso se formou apesar do PT, que, enquanto estava na oposição, fez o possível para sabotá-lo. A cada oportunidade que tinham, Lula e seus seguidores denunciavam o ajuste fiscal, as privatizações e a própria economia de mercado, a que tachavam de neoliberalismo. Foi só na iminência de chegar ao poder que o partido finalmente aderiu ao consenso, cujas sementes haviam sido lançadas na gestão Fernando Collor de Mello e que ganhou corpo sob o governo de Fernando Henrique Cardoso. Numa das mais reveladoras declarações de sua carreira, o já presidente Lula admitiu que, enquanto oposição, o que partido fazia eram "bravatas".
Resquícios desse discurso "bravatista" apareceram agora na campanha, quando Dilma tentou apresentar José Serra como o homem que privatizaria a Petrobras. Se quisermos há elementos dessa retórica na própria administração, em especial nas relações externas, que ainda tentam pintar os EUA como a encarnação do mal e ensaia desastradas aproximações sentimentais com regimes que se afirmem de esquerda ou se oponham ao "império".
Aqui, o analista generoso afirmará que o PT, depois de muito tempo, finalmente aprendeu o beabá dos fundamentos econômicos e mudou para melhor. O crítico mais impiedoso dirá que são um bando de oportunistas que dançam conforme a maré e tomam para si glórias alheias. De minha parte, fico no meio do caminho entre essas duas posições mais caricaturais.
Aguardo ansiosamente o dia em vamos chegar ao ponto da razoabilidade consensual no âmbito da diplomacia. Quem sabe nesse dia o Brasil passe a ter uma política externa decente que mostre que de fato merecemos a projeção internacional que ganhamos nos últimos anos.
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