Nos últimos meses, estou usando os poucos minutos que tenho antes de capotar na cama para ler um livro chamado Eat, Pray, Love ("Comer, Rezar e Amar"), recomendado por uma amiga do clube de corrida. Estou adorando o livro na versão original em inglês (não sei se a tradução para o português é boa). Acho que o que me conquistou foi o fato de que a autora foge dos chavões com extremo bom humor, tem piadas inteligentes, e consegue falar de forma engraçada sobre coisas que são sérias para algumas pessoas -- como, divórcio, ioga ou meditação -- sem banalizar ou ofender ninguém.
A história é simples: depois de um divórcio complicado e doloroso, ela consegue que a editora dela cubra os custos de um ano de viagem. Os destinos são Itália (comer), India (rezar), e Indonesia (onde ela foi originalmente encontrar equilíbrio, mas acabou se apaixonando por lá). E não fique chateado(a) que eu contei o final: saber o que vai acontecer não é o ponto. A parte interessante do livro é como ela conta tudo que aconteceu.
Por que estou falando disso? Por dois motivos. Um é que ela descreve uma parte da India com a qual não tive contato. Uma parte voltada para meditação, onde pessoas ficam reclusas em templos, e seguem um guru. Não deu pra ver nada disso em uma grande cidade da India. O segundo motivo é que aconteceu uma coisa engraçada esses dias. Ando falando tanto do livro que uma pessoa me recomendou uma palestra da autora, que tem todas as características do livro: fala de coisas sérias para alguns -- como forças sobrenaturais -- com bom humor e inteligência, conseguindo captar a a atenção de crédulos e incrédulos, sem ofender ninguém.
A história é simples: depois de um divórcio complicado e doloroso, ela consegue que a editora dela cubra os custos de um ano de viagem. Os destinos são Itália (comer), India (rezar), e Indonesia (onde ela foi originalmente encontrar equilíbrio, mas acabou se apaixonando por lá). E não fique chateado(a) que eu contei o final: saber o que vai acontecer não é o ponto. A parte interessante do livro é como ela conta tudo que aconteceu.
Por que estou falando disso? Por dois motivos. Um é que ela descreve uma parte da India com a qual não tive contato. Uma parte voltada para meditação, onde pessoas ficam reclusas em templos, e seguem um guru. Não deu pra ver nada disso em uma grande cidade da India. O segundo motivo é que aconteceu uma coisa engraçada esses dias. Ando falando tanto do livro que uma pessoa me recomendou uma palestra da autora, que tem todas as características do livro: fala de coisas sérias para alguns -- como forças sobrenaturais -- com bom humor e inteligência, conseguindo captar a a atenção de crédulos e incrédulos, sem ofender ninguém.
Mas o mais interessante foi que, ao assistir a palestra, pensei:
- Peraí, eu já vi isso antes!
Sim, de fato. Ano passado meu tio tinha me dito que havia virado fã das Ted Talks, que eu frequentemente assisto e de vez em quando coloco no blog. E ele me disse que tinha encontrado uma palestra super interessante e me mostrou exatamente a palestra acima. Naquela época, não tinha ouvido falar do livro ou da autora. Portanto, apesar de ter gostado muito da palestra, esqueci dela quase que imediatamente. E agora, depois de tanto tempo, volto a encontrar a palestra, por acaso, exatamente quando a autora virou quase que uma presença diária na minha vida.
Tenho certeza que a Elizabeth Gilbert ia escrever um post maravilhoso sobre esses encontros e desencontros. Ela provavelmente ia atribuir isso ao trabalho de duendes (como ela faz com a criatividade dela), mas ia fazer um relato tão interessante que até pessoas incrédulas como eu não conseguiriam parar de ler antes de chegar ao final. Eu sou incrédula demais para conseguir ser convincente ao falar de duendes ou coisas sobrenaturais. Todavia, acho que o encontro inusitado com a palestra, depois de ter esquecido dela por mais de um ano, ilustra uma coisa bem pouco sobrenatural mas ainda assim muito interessante: o benefício da desorganização.
Em 2007, foi publicado um livro chamado A Perfect Mess ("A bagunça perfeita") que explica porque pessoas desorganizadas são mais criativas e mais produtivas que pessoas muito organizadas (veja a review aqui). O primeiro argumento do livro é que organização toma tempo, que poderia estar sendo usado de maneira mais produtiva. Portanto, enquanto as pessoas organizadas estão catalogando, arquivando e fichando coisas, as pessoas desorganizadas jogam os papéis em pilhas aparentemente aleatóreas e ficam com mais tempo livre para produzir.
O segundo argumento do livro é que a desorganização cria encontros fortuitos, o que ajuda no trabalho criativo. Por exemplo, se eu não tivesse esquecido da palestra e encontrado ela novamente por acaso, não estaria aqui escrevendo esse post. Da mesma forma, com frequência eu encontro um artigo no meio das pilhas de papéis no meu escritório que é extremamente relevante para algo que estou fazendo agora. Sem a desorganização eu teria arquivado o artigo como parte de um projeto anterior e não em ocorreria de associá-lo com o meu projeto mais recente.
Eu adicionaria aqui um terceiro argumento: é graças a essa desorganização que algumas culturas tem comida boa. Como diz N., "I must say, out of experience, only disorganized cultures have good food and taste in clothing." O Canadá parece um escritório (ou uma geladeira) super organizado, enquanto o Brasil, a Itália e a India parecem mais o meu escritório, como pilhas de papel para todos os lados. Apesar da desorganização me irritar às vezes, tenho que reconhecer que é graças a ela que esses países tem tanto charme, criatividade e estilo. E, convenhamos, é graças à minha desorganização que tenho tempo para o blog e é graças a esses encontros fortuitos que arranjo assuntos para discutir aqui!
É, o mundo dá voltas. Depois de tanto reclamar da desorganização, aqui estou eu reconhecendo seu valor, mais uma vez...