sábado, 31 de janeiro de 2009

Não sei cozinhar

mas tenho amigos que garantem que minhas refeições sejam algo além de miojo e sopas campbell, seja preparando café da manhã do oriente médio (labneh e za'atar) pra mim;



seja mandando receitas simples com emails simpáticos, como esse aqui!

Subject: Para as minhas amigas que moram só ou quase só...

"Queridas,

Ganhei um livro de receita da Dani. Um daqueles crônica + receita. A fórmula é, em teoria, ótima, porque quem cozinha sabe que o encanto está na história da receita e não na discussão da exata medida de azeite que a receita deve ter. Um livro que te conta a história das receitas te permite roubar histórias dos outros e não ter que esperar para que suas próprias histórias aconteçam. Nem sempre funciona – a maioria dos livros são chatos porque os cozinheiros são bem pouco interessantes ou amam demais a comida e as receitas levam 3 dias para ficar prontas (eu não estou brincando) – Mas, no caso do presente da Dani, a fórmula funcinou com perfeição...Obrigada.

A crônica era boa e me fez ficar interessada na receita -- não tenho certeza que me interessaria não fosse a crônica. A receita era ainda melhor. É um prato para quem mora sozinha (não suja nem panela e pode ser feita no microndas – eu fiz no forno porque gosto do ritual) ou pode ser uma entrada de um jantar para muitas pessoas. A maior parte dos ingredientes é flexível, por isso, é perfeito para geladeira de solteiro. Não vai carboidratos, por isso, pode ser usado em regimes...e o melhor: é uma delícia. Eu ia mandar só para Dani, mas achei que poderia ser útil para vcs...

Ok, vamos lá. O nome é oeufs en cocotte, mas a autora (Rita Lobo) apelidou só de cocotte (o que eu acho que foi uma idéia excelente). Você pega qualquer coisa que tiver na sua geladeira (eu usei tomate e queijo branco temperados com azeite e manjericão; a autora usou cogumelos de paris, suco de limão e parmesão; mas ela deu dicas de ricota e tomate, cenoura e beterraba, shitake, etc... -- o único cuidado é usar pouco os ingredientes que soltam muita aguá -- como o tomate). Essa qualquer coisa que vc escolheu vai para uma tigelinha que possa ir ao forno. Quebre dois ovos em cima do recheio que vc escolheu (pode ou não rasgar a membrana da gema a depender se vc gosta de gema dura ou mole – se vc for fazer no microondas rasgue). Depois coloque 2 colheres de creme de leite temperado com sal, pimenta e noz moscada (a noz moscada é o importante – faz toda diferença, é o que deixa o prato especial). Para quem vai fazer no microndas, coloque para assar por 3 minutos. No forno normal, pré aquecido a 180 graus, leva 20 minutos e tem que colocar em banho maria (no meio de uma assadeira com água fervente). Se vc for usar de entrada de um jantar maior, faça em potinhos menores e coloque 1 ovo só. Fica super bonito e vcs não tem idéia de como fica bom...

Espero que seja útil...

Beijos e saudades de todas,"

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Como alguém pode morar em um lugar tão frio?

Depois de um único dia de alívio, as temperaturas voltaram a cair no sábado. Fazia menos 28 graus celsius quando saí de manhã para fazer compras. À noite, as coisas não tinham melhorado muito: as temperaturas giravam em torno de menos 25 graus quando meu amigo mexicano (o da foto) chegou na minha casa em estado de choque e me perguntou como alguém, em sã consciência, pode escolher morar em um lugar tão frio.

Diz ele que a maioria dos canadenses não têm muita escolha, afinal nasceram, cresceram e têm suas raízes aqui (graças à inexplicável e incompreensível decisão de seus antepassados de habitar terras tão inóspitas...). Mas trocar o Rio de Janeiro por isso aqui, segundo ele, é totalmente incompreensível.

Minha resposta foi, basicamente, a seguinte: faz muito frio, mas todas as outras coisas boas compensam. Por exemplo, a cidade de Toronto acabou de implementar uma legislação que obriga supermercados a cobrar 5 centavos por cada sacola plástica utilizada. Além disso, há um projeto de lei para proibir adultos de fumar em carros com menores, inspirado por uma lei que já foi aprovada na província de Nova Escócia. E como se não bastasse, as cortes canadenses têm sido especialmente liberais no uso de maconha para propósitos medicinais, enquanto a polícia pega leva com usuários (mas não com traficantes). Por fim, o sistema de saúde é público e gratuito e funciona maravilhosamente bem, garantindo assistência médica de qualidade a ricos e pobres. Na verdade, funciona tão bem que há computadores nas salas de espera de hospitais, para aqueles que estão fazendo consultas poderem checar e-mails gratuitamente (eu mesma usei o serviço!).

Meu amigo não se convence com meus argumentos, e resolve o enigma de outra forma. Segundo ele, construir uma cidade totalmente planejada no meio do nada deve ter mexido com a cabeça das pessoas. Mais do que isso: nascer e crescer nessa cidade significa nascer e crescer com idéia de que você não deve se importar com o lugar onde mora. Portanto, a conclusão dele é que eu só consigo viver em Toronto porque sou candanga.

Talvez ele tenha razão. Brasília é uma das poucas cidades com hospitais públicos de ponta, como o Sarah Kubichek, e com políticas públicas admiráveis. A cidade foi pioneira no programa bolsa escola, que só foi implementado em âmbito nacional depois do sucesso obtido no Distrito Federal. Além disso, é uma das poucas (se não for a única) cidade onde motoristas são obrigados a parar para pedestres cruzando a faixa (e eles efetivamente param!). Além disso, Brasília tem os índices mais altos de desenvolvimento humano (IDH) e qualidade de vida no país.

Enfim, acho que eu concordo que eu
só consigo viver em Toronto porque nasci na capital federal. Afinal, quem precisa de praia quando as coisas que realmente importam são de fato prioridade?


sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Desenhando...





Titulo: Dunas.

Titulo: Exame oftamologico.


Titulo: Brasileirinho.


Titulo: Primo distante do Bob Esponja.


Titulo: Perdeu a graca. De volta ao trabalho...

Pois é.

O Obama virou Presidente e até o tempo melhorou por aqui. Hoje está um grau positivo!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Crise de identidade por causa de um drink?

Me mandaram um e-mail com a seguinte pergunta: What goes through your mind when someone says "let's go for a drink"? (O que passa pela sua cabeça quando alguém te convida para tomar um drink?).

Eu me identifiquei totalmente com as mulheres nesse aqui,


totalmente com os homens nesse aqui,


e com nenhum dos dois nesse aqui...



sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Soluções latino-americanas para o inverno canadense


Solução mexicana: ignore o direito dos animais e use um chapéu russo.
Solução brasileira: ignore que você parece uma sequestradora e use uma máscara preta (mas deixe sua metralhadora em casa...)


terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Ah, o inverno...

Está fazendo 20 graus celsius negativos aqui, e a sensação térmica (chamada em inglês de windchill) é de menos 25 celsius. Acho que eu não preciso dizer que não é muito agradável sair nessa temperatura, em especial quando bate um ventinho...

Mas o inverno tem seus charmes. A cidade ficou muito bonita toda branca, coberta de neve, depois da nevasca de hoje. Além disso, a neve abafa um pouco sons e ruídos, e a caminhada para casa parece mais calma. É como se alguém tivesse abaixado o volume do trânsito que circula. Além disso, ninguém está preocupado com o que você está vestindo, porque sair com algo elegante é a última coisa que está passando pela cabeça de alguém em Toronto nesse momento. Enfim, seria um paraíso se não fosse a temperatura.

Além dos seus charmes, o inverno também tem seus mistérios. Por exemplo, reza a lenda que não há dois flocos de neve idênticos. Ainda bem, pois eles são absolutamente lindos e o mundo fica mais bonito com uma infinidade inacabável de delicadas esculturas como essa:




sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

domingo, 4 de janeiro de 2009

Pequenas diferenças culturais

A viagem de volta foi um exemplo dos contrastes entre as culturas americana e canadense.

A fila de imigração nos EUA estava gigantesca e eu vi que ia perder o vôo para Toronto. Perguntei para o oficial da imigração se eu podia passar na frente da fila para não perder meu vôo e ele simplesmente disse: - "Não".

Quando eu finalmente consegui passar pela imigração, fui ao balcão da empresa para avisá-los que tinha perdido meu vôo. Resposta: - "Use os computadores". Só faltaram acrescentar: estamos reduzindo o contato humano ao mínimo possível, para evitar problemas. Se fossem perguntados sobre que tipo de problemas, responderiam: aqueles normalmente gerados por contato humano, claro...

Os computadores gentilmente disseram que eu tinha sido realocada para o vôo da tarde. Fiquei quatro horas nas desconfortáveis cadeiras do aeroporto. Quando chegou a hora do embarque, eu, toda ansiosa por um assento mais confortável, fui informada por um sujeito de uniforme que não estava naquele vôo. Meu argumento para sujeito: - "Mas o computador me falou que eu estou nesse vôo." O sujeito repete que eu não estou naquele vôo.

Eu, como boa latina, começo a perder as estribeiras, falar alto, e dizer que eu alguém tinha que resolver meu problema. Em cinco minutos estou com meu cartão de embarque na mão. Entro feliz e contente no avião da Embraer e fico plantada lá mais duas horas porque a segurança do aeroporto decidiu retirar todas as malas do avião para fazer uma nova inspeção.

Chegando em Toronto, começaram os contrastes. O procedimento de imigração é até covardia comparar. Primeiro, não tem fila para canadenses e fila para estrangeiros. Vai todo mundo junto. A pessoa encarregada, com um sorriso, te encaminha para a fila mais curta e em cinco minutos estou falando com o oficial, que olha meus papéis, carimba tudo, e com um sorriso me diz "Welcome Back". Nada de duas horas de fila com pessoas que não olham na sua cara e não querem falar com você!

Daí, descobri que minhas duas malas tinham sido extraviadas, junto com as malas de metade das pessoas no meu vôo.
Nota de esclarecimento: todas as vezes que eu vim com empresas aéreas americanas para o Canadá eles extraviaram minhas malas. Todas! Inclusive quando eu me mudei.

E qual não foi minha surpresa ao chegar ao balcão para reclamar da bagagem extraviada e, ao invés de ouvir um "fala com meu computador", encontrar um sujeito que me olhou na minha cara, me explicou delicadamente o procedimento a ser seguido, me deu um formulário para preencher, perguntou se eu tinha alguma dúvida, e se despediu com um sorriso.

E quando saí do aeroporto tive uma experiência que resume bem o espírito de Toronto: peguei um táxi até em casa, que ficou preso no trânsito porque havia um protesto pacífico com grupos de apoio e repúdio a Israel. Apesar da temperatura, uma multidão carregava bandeiras de Israel e da autoridade palestina. O taxista, indiano, veio reclamando que a polícia não devia fechar o trânsito para esses protestos porque atrapalhava a vida dele e dos outros taxistas. E eu, brazuca, admirando todo aquele sol brilhando na neve branquinha que tinha caído no dia anterior e pensando que era um dia perfeito para voltar pra casa...

Espírito de geladeira

Cheguei ontem em Toronto, depois de passar quatro meses no Brasil. A sensação foi literalmente a de entrar em uma geladeira, depois de passar quatro meses sendo refogada em uma panela com muito tempero.

Fazia menos cinco graus celsius quando eu cheguei, mas a sensação de geladeira veio mais do espírito do lugar do que da temperatura. Na geladeira, cada coisa tem seu lugar, em sacos plásticos, gavetas, ou vasilhas com tampas. As coisas estão organizadas e dispostas em prateleiras. Em contraste, na panela está tudo junto, borbulhando, se transformando, em movimento. Nada t
em lugar definido. A panela tem cheiro e vida própria. A geladeira tem ordem e te dá a tranquilidade de saber que tudo vai estar no mesmo lugar quando vc voltar a abrir a porta de próxima vez.

Depois de quatro meses na panela, é bom estar na geladeira de novo pra variar um pouco...