quinta-feira, 5 de março de 2009

Quão poético é Porto Rico?

Em resposta à poesia sobre Porto Rico, segue um retrato não tão poético da ilha:

"I started school in the middle of hurricane season, and the world grew suddenly bigger, a vast place of other adults and children whose lives were similar, but whose shadings I couldn't really explore out of respect and dignidad. Dignidad was something you conferred on other people, and they, in turn, gave back to you. It meant you never swore at people, never showed anger in front of strangers, never stared, never stood too close to people you'd just met, never addressed people by the familiaruntil they gave you permission. It meant adults had to be referred to as Don so-and-so, and Doña so-and-so, except for teachers, who you should call Mister or Missis so-and-so. It meant, if you were a child, you did not speak until spoken to, did not look an adult in the eye, did not raise your voice nor enter or leave a room without permission. It meant adults were always right, expecially if they were old. It meant men could look at women any way they liked but women could never look at men directly, only in sidelong glances, unless they were putas, in which case they could do what they pleased since people would talk about them anyway. It meant you didn't gossip, tattle, or tease. It meant men could say things to women as they walked down the street, but women couldn't say anything to men, not even to tell them to go jump in the harbor and leave them alone.

(...)

I walked home from school full of importance in my green and yellow uniform. It was my most prized possession, the only thing in our house that belonged to me alone, because neither Delsa nor Norma were old enough to go to school.

But school was also where I compared my family to others in the barrio. I learned there were children whose fathers were drunks, whose mothers were "bad", whose sisters had run away with travelling salesmen, whose brothers had landed in prison. I met children whose mothers walked the distance from their house to church on their knees in gratitude for prayers answered. Children whose fathers came home everyday and played catch in the dusty front yard. Girls whose sisters taught them to embroider flowers on linen handkerchiefs. Boys whose brothers took them by the hand and helped them climb a tree. There were families in the barrio with runnin water inside their houses, electric bulbs shining down from every room, curtains on the windows, and printed petroleum on the floors."

Para os que não lêem inglês, segue a tradução chumbrega do www.translate.google.com, com alguns ajustes meus para ficar legível:

"Comecei a escola no meio da temporada de furacões, e todo o mundo cresceu de repente, um grande local de outros adultos e crianças cujas vidas eram semelhantes, mas cujos mistérios eu não poderia realmente explorar por respeito e dignidade. Dignidade era algo que você atribuía a outras pessoas, e estas, por sua vez, conferiam de volta a você. Isso significa que você nunca xingava pessoas, nunca demonstrava indignação na frente de estranhos, nunca encarava, nunca ficava muito perto das pessoas que você acabara de conhecer, nunca abordava pessoas pelos pronomes familiares até que lhe fosse dada permissão. Isso significava que adultos tinham de ser tratados como Don fulano, e Dona fulano, exceto para professores, que você deve chamar senhor ou minha senhora fulano de tal. Significa que, se você fosse uma criança, você não falava com ninguém até que falassem com você, não olhava um adulto no olho, não levantava a voz nem entrava ou saia da sala sem permissão. Significava que adultos estavam sempre certos, especialmente se eles eram idosos. Significava que os homens podiam olhar para as mulheres de qualquer maneira que eles quisessem, mas as mulheres nunca podiam olhar para os homens diretamente, apenas nos olhares de esguelha, a não ser que fossem Putas, que podiam fazer o que quisessem já que as pessoas iriam falar mal delas de qualquer forma. Isso significa que não se podia fofocar, bisbilhotar, ou sacanear. Significava que os homens podiam dizer coisas às mulheres enquanto elas caminhavam pela rua, mas as mulheres não podiam dizer nada para os homens, nem sequer para dizer-lhes para se jogar da ponte e deixá-las em paz.

(...)

Eu ia pra casa a pé da escola, toda cheio de mim no meu uniforme verde e amarelo. Era meu mais valioso bem, a única coisa na nossa casa que pertencia apenas a mim, pois nem Delsa nem Norma, minhas irmãs, tinham idade suficiente para ir à escola.

Mas também foi na escola onde eu comparei a minha família com outras pessoas no bairro. Lá eu aprendi que havia crianças cujos pais eram bêbados, cujas mães eram "más", cujas irmãs tinham fugido com representantes comerciais, cujos irmãos haviam acabado na prisão. Conheci crianças cujas mães caminhavam a distância de sua casa à igreja sobre os seus joelhos para agradecer por orações respondidas. Crianças cujos pais iam para casa todos os dias e jogavam pique-pega no poeirento jardim. Meninas cujas irmãs as ensinavam a bordar flores em lenços de linho. Garotos cujos irmãos pegavam pela mão e ajudavam-nos a subir uma árvore. Havia famílias do bairro com água corrente dentro de suas casas, lâmpadas eléctricas brilhando em cada quarto, cortinas nas janelas, e chão de verdade. "


Um comentário:

Maria Regina disse...

Pois é, Mariana: igual a Cuba, tão derrubada, tão sofrida e castigada,mas com um povo cheio de arte....Quem não ama a música cubana e seus lendários músicos, apesar de todo tipo de privações pela quais passam? Talvez a arte dê alguma dignidade ...