segunda-feira, 15 de junho de 2009

Meu Brasil brasileiro vai à China junto comigo


Estou eu do outro lado do mundo, com 12 horas de diferença no fuso horário e, de repente, quando menos espero, dou de cara com os brazucas. Sem negar sua natureza gregária, eles vêm sempre em bandos, falando muito e principalmente discutindo tudo. Param na frente da bilheteria para discutir se vão entrar ou não. Quando decidem que vão entrar, engatam em um longo processo deliberativo para decidir quem vai pagar e quem deve quanto pra quem. Depois que entram, dicutem incessantemente se devem contratar um guia real (uma pessoa) ou um guia eletrônico (uma fitinha que vai narrando todas as informações relevantes, enquanto vc visita o lugar).

Meu passeio na cidade proibida foi incessamente interrompido por encontros com os mais diversos grupos de brazucas, o que já foi inesperado. Mas o mais inesperado foi encontrar a bandeira brasileira ao lado da chinesa em absolutamente todos os postes de luz em volta da Tiananmen square (conhecida em português como Praça Celestial), assim que saí da cidade proibida.





Explicação? Nosso Presidente estava fazendo uma visita oficial à China! Muita coincidência...

A maior coincidência, todavia, é que eu e o Lula estavamos lá pela mesma razão: nós dois queríamos estreitar laços com a China, pra promover desenvolvimento no Brasil. Enquanto o Lula estreitava os laços comerciais, eu estreitava os laços acadêmicos.

Apesar do propósito ser o mesmo, nossas visões de desenvolvimento são absolutamente opostas. Eu acho que reformas institucionais são a principal forma de deslanchar o processo (e queria entender como funcionam as instituições chinesas e como elas promovem desenvolvimento). Em contrapartida, nosso Presidente estava promovendo uma agenda de desenvolvimento através do comércio internacional e do fortalecimento das relações sul-sul (ou seja ,entre países em desenvolvimento) e do G-20.

Nota de rodapé para quem tem interesse no assunto: vale esclarecer que há evidência empírica favorável à minha visão, i.e. sustentando que são as instituições e não o comércio internacional os principais motores de desenvolvimento econômicos.

Apesar das nossas divergências sobre como promover desenvolvimento, foi ainda assim uma enorme coincidência. Só faltou uma chance de deliberar sobre isso com o Presidente, como deliberam os brazucas sobre absolutamente tudo em tudo quanto é lugar.

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