segunda-feira, 6 de junho de 2011

Deseconomias de escala

Economistas usam o termo "economias de escala" para descrever o fato de que o custo unitário de um produto diminui quanto mais exemplares daquele produto forem produzidos. Por exemplo, se você comprar uma máquina de algodão doce por 2.000 reais, e você fizer um único algodão doce, o custo de produção dessa unidade é 2.000 reais.Se você usar a máquina para fazer 1.000 algodões doces, o custo de cada um será 2 reais. Ou seja, um produtor fará economias quanto maior for a escala de produção.

Nesse post, todavia, queria falar de um outro tipo de escala. As escalas de avião. Em viagem recente, notei quanto seus gastos aumentam em cada uma das escalas que se faz durante uma viagem. Por exemplo, consigo almoçar fartamente com 7 dólares no meu restaurante favorito (o etíope), que fica perto da faculdade. Todavia, quando estou no aeroporto, com o mesmo montante eu não consigo comer nada fartamente. Consegui comprar uma salada grega, que estava de bom tamanho, mas certamente não encheu meu estômago. Daí, quando entrei no avião, descobri que a AirCanada não oferece mais comida de graça. Se quiser comer, tem que pagar. Como a salada não tinha me saciado, pedi um wrap. Preço? 7 dólares. Tamanho? 1/4 do que eu comeria se tivesse no restaurante etíope. 

Mas a pior parte da história ainda estava por vir. Quando cheguei no hotel onde ia ser a conferência, tarde da noite, resolvi comer um saquinho com nozes, amendoim e castanha de caju. Preço? 7 dólares. Fiquei pensando que o wrap do avião tinha ao menos carboidratos, proteína e fibras, pois vinha com carne e alface. Aqui, pra conseguir algo nutritivo assim, preciso desembolsar uns 30 dólares. 

A explicação para os preços extorsivos vem, de novo, da economia. Na rua perto da minha faculdade, o dono de restaurante tem que competir com todos os outros 50 restaurantes para os quais eu poderia ir, caso a comida dele fosse muito cara. No aeroporto, minhas opções são bem mais limitadas, pois tem quatro ou cinco lugares pra comer, depois que você passou do raio-X, segurança e o diabo a quatro. Portanto, não é díficil para todos eles subirem um pouco o preço, ainda que não seja extorsivo. No quarto do hotel, eu tenho outras opções, mas eles não estão à mão. Se quiser castanha naquele minuto, tenho que pagar caro. A outra opção é vestir a roupa, sair do conforto do meu quarto, e ir perambular pela rua, tarde da noite, em uma cidade que não conheço, em busca de uma vendinha. 

Só não entendo porque eles não cobram ainda mais dentro do avião, pois ali é onde eu não tenho, de fato, nenhuma outra opção. Preciso peguntar para algum economista porque as companhias aéreas não cobram 7 dólares pela castanha de caju e 30 pelo wrap ou por um pedaço de pizza. Mas qualquer que seja a explicação, para reduzir custos, acho que vou viajar com minha máquina de algodão doce da próxima vez. Quem sabe eu até vendo alguns dentro do avião, e todo mundo pode de fato se beneficiar das economias de escala...

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