quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A história que os números não contam

Meu co-autor não se conforma que nosso livro não virou best-seller. A editora nos garante que o livro encontra-se no top da lista de vendas deles, mas ainda assim ele protesta. O protesto, no fundo, no fundo, é inveja. Dois professores do MIT lançaram recentemente um livro na mesma linha do nosso, chamado Why Nations Fail e estão bombando no New York Times e nas livrarias de aeroporto (vale mencionar que ver nosso livro em uma livraria de aeroporto é o sonho de consumo do meu co-autor). Meu co-autor vê o sucesso deles e se morde de raiva.

A indignação dele é tanta, que ele já passou horas especulando sobre as possíveis razões do nosso "fracasso". Atualmente, sua hipótese preferida é que não escolhemos o título certo. What Makes Poor Countries Poor - Institutional Determinants of Development é muito longo e muito chato, diz ele. A arremata logo em seguida, com um tom amargurado: Why Nations Fail is catchy (não sei como traduzir isso...).

Ao contrário do meu co-autor, eu não acho que nosso livro foi um fracasso e não tenho nenhuma frustação com o fato de que nossas fotos não estão nas estandes das livrarias dos aeroportos ou de qualquer lugar. Eu tenho consciência que escrevemos um livro acadêmico, publicado por uma editora acadêmica, e vendido primordialmente para acadêmicos. E -- para quem não sabe -- esse é um grupo relativamente pequeno de pessoas. Na verdade, me surpreendi quando a editora falou que éramos um best-seller acadêmico, pois nem isso eu esperava. 

A diferença entre um livro acadêmico e um dirigido ao público em geral -- como eu tentei explicar para meu co-autor -- é que esse último é escrito em linguagem acessível e de maneira bastante didática. Por exemplo, nosso concorrente é um livro cheio de histórias. Para mostrar os diferentes caminhos que a Coréia do Norte e do Sul tomaram, eles contam a história de dois gêmeos separados no momento do nascimento. Um foi morar na Coréia do Norte e o outro na do Sul. O reencontro, 50 anos depois, não apenas ilustra as diferenças no nível de desenvolvimento dos dois países (as diferenças de riqueza, educação e saúde dos dois gêmeos é abissal), mas serve para que os autores mostrem que não se trata de geografia (os dois países são quase idênticos em recursos naturais e acesso ao mar) nem cultura (que era a mesma para os gêmeos e o resto da população). 

Em contraste, nosso livro apresenta o mesmo argumento com regressões, estatísticas, e um bando de outros números que fazem muito pouco sentido para a maioria das pessoas. Qualquer um que vê a quantidade de números no primeiro parágrafo de qualquer um dos capítulos do livro desiste da leitura ali mesmo (exceto nossos alunos, que são obrigados a penar com o texto...). Enfim, nosso livro não vai ser best-seller nunca. E o dia em que um livro desse for best-seller, pode cancelar o prêmio Nobel de literatura, pois o mundo anda de mal a pior....

Escrevo tudo isso porque ontem eu tive uma evidência muito clara de como minha hipótese está certa. Terminei de ler o livro de Drauzio Varella, Estação Carandiru, sobre a Casa de Detenção. O livro tem uma descrição interessantíssima da vida dentro do presídio, contada através de histórias da vida dos detentos (em contraste com o livro mais atual, que foca nos carcereiros). O capítulo final, todavia, foca no massacre do Carandiru, contado a partir da voz dos presos. E é aqui que o número 111 presos mortos fica muito mais humano e mais palpável. 

Sempre compartilhei da opinião de que a morte destes presos no que ficou conhecido como o massacre do Carandiru é uma violação de qualquer princípio mais básico e primitivo de legalidade. Qualquer país que se auto-entitule um Estado de Direito não pode se coadunar com, e muito menos autorizar, uma atitude como esta da parte da polícia. Como disse Madison, em um dos artigos dos Federalistas:


"If men were angels, no government would be necessary. If angels were to govern men, neither external nor internal controls on government would be necessary. In framing a government which is to be administered by men over men, the great difficulty lies in this: you must first enable the government to control the governed; and in the next place oblige it to control itself. A dependence on the people is, no doubt, the primary control on the government; but experience has taught mankind the necessity of auxiliary precautions.

This policy of supplying, by opposite and rival interests, the defect of better motives, might be traced through the whole system of human affairs, private as well as public. We see it particularly displayed in all the subordinate distributions of power, where the constant aim is to divide and arrange the several offices in such a manner as that each may be a check on the other -- that the private interest of every individual may be a sentinel over the public rights. These inventions of prudence cannot be less requisite in the distribution of the supreme powers of the State."

http://www.constitution.org/fed/federa51.htm

Ou seja, quem está preso não é anjo, mas quem é oficial de polícia também não é. E assim como os presos, os policiais também devem ser punidos por desobedecerem a lei. Se não há punição para os representantes do estado, esse se torna uma entidade sem controle, disposta a todo tipo de abuso de poder, como o que aconteceu no Carandiru. Todavia, 20 anos depois, esses policiais ainda não foram julgados. Ou seja, não somos um Estado de Direito ainda.

Essa era minha análise do episódio antes de ler o livro de Varella. Conhecer a história dos presos, suas personalidades e idiossincrasias, e colocar um nome em cada um dos números que formam aquele número abstrato, 111, deixa o episódio intensamente mais triste e infinitamente mais revoltante.  E é mais triste ainda pensar nas consequências nefastas que esse massacre teve para o sistema prisional e a estrutura do crime organizado no país (veja meu post sobre o outro livro do Varella). 

Não surpreende que o livro de Varella, que é cheio de histórias (e sem nenhuma tabela estatística assustadora), tenha sido um best-seller no Brasil. O que surpreende é que tenham sido vendidos 460 mil exemplares. Em um país de quase 200 milhões de pessoas, isso representa pouco mais de 2% da população. Peço perdão aos meus leitores pelo dado estatístico, mas meu ponto aqui é o seguinte: para que haja uma mudança da opinião pública e pressão popular a favor da punição dos culpados, é preciso que mais gente leia o livro. O mesmo poderia se tornar, por exemplo, leitura obrigatória nas escolas. Afinal, como mostram os autores de Why Nations Fail, às vezes mil palavras valem mais do que um único número.    

Não estou sozinha

As vezes as pessoas falam que virei Canadense, obedecendo todas as regras. O comentário é especialmente jocoso quanto entro no carro e ponho o cinto de segurança no banco de trás.

Minha resposta: minha avó morreu em um acidente de carro quando estava sem cinto no banco de trás. Talvez tivesse sobrevivido se tivesse com cinto, mas ela sentava atrás porque não gostava de usar cinto. Isso, em geral, cala a boca do meu interlocutor, mas não faz ele ou ela passarem a usar o cinto. Espero que não aconteça nada com eles, mas como diz um amigo meu "não dá pra confiar na sorte, porque a sorte às vezes dá azar".

Meu único consolo é ver que não estou sozinha: segue abaixo o texto do nosso querido Pratinha na Folha de hoje.

Todos juntos

Acho que já contei aqui a história, mas a ocasião me permite repeti-la. Eu tinha 18 anos e estava em minha primeira aula de filosofia, na USP. O professor, Renato Janine Ribeiro, nos explicava que no fim do semestre seríamos avaliados por um trabalho individual, cujo limite deveria ser de 8.000 caracteres. Levantei a mão: "Se estourar um pouquinho esse limite, tudo bem, né?". Janine sorriu e disse algo mais ou menos assim: "O que é 'limite'? É aquilo que não se pode transpor. Mas vejam como são as coisas no Brasil: entre nós, o limite não limita! Repito: o limite é de 8.000 caracteres".

Peço perdão ao filósofo se as palavras não foram exatamente essas. Assim, porém, é que ficaram gravadas na minha memória e é assim que me voltam, quase todo dia, quando me deparo com a nossa ilimitada necessidade de burlar a lei.

Há uma altura máxima para prédios na rota do aeroporto, mas o empreiteiro constrói um "puxadinho", alguns metros acima. A construtora precisa botar de tantos em tantos metros, sob o concreto da rodovia, umas ripas de metal, mas economiza dinheiro aumentando a distância entre elas. Quantas pessoas que compraram a carta de motorista você conhece? Que têm gato de TV a cabo? Que já subornaram um guarda de trânsito para não ser multado? O avião vai decolar, o comissário de bordo pede para desligarem os celulares, mas o sujeito o ignora solenemente. O avião pousa, o comissário pede aos passageiros para que aguardem sentados até o "apagar do aviso luminoso de atar cintos", mas todo mundo levanta. Não um, não dois: todo mundo --como se respeitar aquele simples sinal luminoso equivalesse a ter a palavra otário escrita na testa.

Um sinal luminoso também piscou na cabine do Fokker 100 da TAM, que taxiava na pista de Congonhas na manhã de 31 de outubro de 1996, alertando sobre um problema no reverso da turbina. O piloto o desligou. O luminoso piscou novamente, novamente foi desligado. Segundo o depoimento de outro piloto, dias mais tarde, esse era o costume: se fossem dar atenção a todo alarme que soava na cabine, nenhuma aeronave saía do chão. Às vezes, ao que parece, alarmes soam à toa. Às vezes, não: 24 segundos depois de decolar, o avião caiu, matando 99 pessoas.

Eu estava saindo para a USP, naquela manhã, quando o telefone tocou. Uma amiga do meu pai queria saber se era verdade que meu tio Duda, irmão da minha mãe e meu padrinho, estava entre os passageiros. Liguei a televisão. Vi a lista. Era verdade.

Nas próximas semanas, o Brasil concentrará suas energias em encontrar os culpados pela tragédia de Santa Maria. É fundamental, se houver culpados (como parece ser o caso), que eles sejam punidos. É fundamental que as casas de show passem por reavaliações, como já estão passando. Mas se não mudarmos a nossa mentalidade, se não entendermos que as leis são universais, que há procedimentos que precisam ser executados conforme as regras, sem jeitinho, sem gambiarra, em TODAS as esferas, por TODAS as pessoas, as tragédias continuarão acontecendo --e a morte é um limite que nós, brasileiros, por mais espertos que nos julguemos, não somos capazes de transgredir.

antonioprata.folha@uol.com.br
@antonioprata


Antonio Prata é escritor. Publicou livros de contos e crônicas, entre eles "Meio Intelectual, Meio de Esquerda" (editora 34). Escreve às quartas na versão impressa de "Cotidiano".

domingo, 20 de janeiro de 2013

Don't Do It Yourself

O americano tem uma sigla DIY (Do It Yourself, Faça Você Mesmo) para se referir à idéia de que você pode se encarregar das tarefas da casa, mesmo as mais complicadas. Eu estou propondo aqui a sigla D2IY, Don't Do It Yourself, Não Faça Você Mesmo. Há ao menos duas razões para adotarmos essa segunda sigla como lema para nossas vidas, uma teórica e outra prática. 

A razão teórica é simples: há inúmeras vantagens na especialização e poucos benefícios na falta de especialização. Alguém no mundo se propõe a ser seu próprio encanador, médico, dentista e advogado? Não. Por que? Porque você vai precisar de mais tempo para se especializar em cada uma dessas coisas do que precisaria para se especializar em uma só. E ainda que você tope a empreitada, você ainda vai far um serviço inferior ao que faria uma pessoa que só faz aquilo, pois a experiência conta muito, como todos sabemos. É por isso que a gente passa anos se especializando em um determinada profissão e usa o dinheiro que conseguimos com aquela profissão para contratar os profissionais que necessitamos. 

Ou seja, as regras básicas segundo as quais organizamos nossa sociedade sugerem que a última coisa que queremos é DIY. Ao contrário, deixe para os especialistas, e gaste seu tempo fazendo o que você faz bem. Assim todo mundo ganha. 

A segunda razão -- a prática -- complementa a primeira. No mundo acadêmico, em geral pensamos assim: formulamos uma hipótese de como funciona o mundo. Daí discutimos essa hipótese teórica até chegarmos a conclusão de que ela parece lógica o suficiente para fazer sentido. Uma vez feito isso, passamos para o teste: basicamente verificamos se a hipótese teórica se confirma na prática. Caso não se confirme, precisamos voltar e reformular a hipótese. Portanto, tudo que eu disse até aqui era apenas teórico, ou seja, uma hipótese. Precisamos agora de evidências empíricas que confirmem a hipóteses.

O teste da hipótese eu mesma conduzi. Quando voltei de viagem encontrei dois problemas na casa onde moro (que foi construída em 1903 e tende a dar alguns probleminhas por causa da idade...). O primeiro era que não parava de correr água pela privada, mesmo quando ela não tinha sido acionada. Ou seja, havia algum tipo de vazamento. O segundo era no encanamento. Quando eu ligava a pia, saia água pelo ralo da banheira. Resolvi tentar resolver tudo sozinha, no melhor estilo DIY. 

Primeiro, tentei descobrir o problema da privada. Para isso, o You Tube é uma fonte insaciável de informação sobre como funcionam as privadas americanas (não sei sobre as brasileiras...). Com isso, foi fácil criar uma nova hipótese: acho que o problema está no que eles chamam de "flapper valve", que é relativamente fácil de trocar. Basta apenas comprar uma válvula nova, e seguir as instruções abaixo:



O problema é que minha tentativa de seguir as instruções foi frustrada. Comprei uma nova, vim pra casa, instalei ela seguindo as instruções e a água continuava vazando... 

Enquanto eu estava na loja de ferramentas para comprar a válvula, perguntei para o vendedor se ele podia me vender algo bem pesado para tapar o ralo da banheira. Ele perguntou se a água da pia estava subindo pela banheira. Quando respondi entusiasmadamente que sim, ele explicou que em casas muito antigas, o encanamento é todo interligado, e os canos são bastante estreitos (acho que era porque eles não usavam tanta água quanto usamos hoje em dia...). Portanto, eles tendem a entupir. Ele me deu uma solução ácida para jogar dentro do ralo e desobstruir o cano e me garantiu que ia resolver o problema.

Enfim, depois de trocar a válvula da privada, coloquei as luvas e as máscaras e joguei o ácido (ou o que quer que fosse aquilo), no ralo da banheira. Esse é um processo que exige que você não pense no meio ambiente, pois caso você pare para refletir sobre o impacto ambiental daquela substância que exige luvas e máscara para ser manipulada, você acaba desistindo...Afinal, a água do ralo para vai algum lugar. Torci para que fosse uma estação de tratamento super bem equipada (ou seja, apta a lidar com todos os químicos que eu estava mandando ralo abaixo) e mandei ver. Depois de meia hora, como recomendado nas instruções, liguei a torneira. A água ainda estava voltando. 

E foi assim que o encanador foi devidamente chamado, e me explicou que o problema da minha privada não era na válvula, mas no nível de água. A privada tem que encher até um certo ponto para que haja pressão d'água suficiente para a válvula fechar direito. A minha privada não estava enchendo e portanto a válvula não estava debaixo da quantidade exigida de pressão. O encanador abriu uma torneirinha lá dentro (que supostamente ajustava o nível de água), a privada encheu e tudo voltou ao normal. 

E o meu cálculo foi o seguinte:

Mariana: 30 minutos navegando na internet para entender como funciona a privada + 30 minutos indo até a loja comprar a válvula e voltar + 10 minutos para instalar a nova válvula + 5 minutos de frustação que não funcionou, acompanhado do pensamento, e agora?  = 1 hora e 15 minutos. 

Em contraste, com o encanador foi assim:

Mariana: 5 minutos procurando o telefone do encanador + 5 minutos dando oi para o encanador e explicando o problema + 5 minutos para ele virar a torneirinha e me explicar o que estava acontecendo = 15 minutos. 

Ou seja, eu poderia ter economizado uma hora da minha vida, se tivesse simplesmente ligado para o encanador. O mesmo cálculo funciona para a banheira, exceto que o encanador teve que passar meia hora desentupindo o cano no braço. Mas o benefício de chamar o encanador é que ele gasta meia hora fazendo isso, enquanto eu faço o meu trabalho. A outra alternativa seria: eu passo três horas fazendo que ele demoraria meia hora para fazer (pois eu ia ter que assistir vídeos no you tube, ir na loja, descobrir o que tinha dado errado com a primeira tentativa, tentar de novo, etc, etc). Além disso, eu ia ter que olhar e cheirar todas as coisas nojentas que saíram daquele cano. Quando eu penso nisso, eu fico absolutamente convencida de que o preço que eu paguei para o encanador fazer o serviço foi uma pechinça. 

Ainda não está convencido/a do D2IY? Pois aqui vai minha terceira evidência empírica. Eu e minha locadora decidimos pintar a sala intermediária, que liga os quartos na minha casa. A sala tinha uma tinta cinza que dava ao ambiente um ar de hospital público abandonado e me deixava deprimida. Como minha locadora é artista, ela se sensibilizou com minha sensibilidade a cores e veio ajudar. Usamos uma lata de tinta que ela tinha aberto antes para pintar as extremidades com pincéis e depois abrimos outra lata para pintarmos a parede com o rolo, como recomendam os vídeos do You Tube:



Demoramos 4 horas para passar uma mão de tinta. Os vídeos recomendam passar mais de uma mão, para evitar manchas. Mas parecia tudo muito bom quando terminamos a primeira mão e, sinceramente, ninguém queria ficar mais pintando. Então deixamos como estava. Resultado? Uma série de manchas, pois aquela segunda mão de tinta é de fato necessária. Mas o pior é que não notamos que a primeira e a segunda lata de tinta eram cores muito próximas, mas distintas. Então a parede está multi-colorida. O problema agora é que não estou disposta a gastar mais quatro horas da minha vida tentando corrigir o estrago. Lição do dia? Se eu tivesse chamado um pintor, nada disso tinha acontecido e eu ainda tinha 4 horas da minha vida de volta...

Começa aqui, portanto, minha campanha: D2IY, já!   

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A complexa realidade de Varella

Na virada do ano, li o livro novo do Drauzio Varella, Carcereiros. O livro não é tão dinâmico quanto Estação Carandiru, pois os capítulos são focados em personagens. Mas gostei da leitura.

Ao contrário da autora deste blog, Varella não é um escritor maniqueísta. Enquanto os posts deste blog dividem o mundo entre bem e mal, certo e o errado, para Varella o mundo é informado por uma série de circunstâncias. O sujeito que espanca um preso com requintes de crueldade em uma página, salva um outro por puro altruísmo na página seguinte. E o pai de família exemplar se torna um violento alcóolatra depois de alguns anos vivendo o dia-a-dia das cadeias brasileiras. 

Tentei torcer por um lado, tomar partido do outro lado, mas acabei desistindo. Tudo é muito mais complexo do que sonha minha vã filosofia. Depois que eu parei de lutar contra meu maniqueísmo, consegui aprendi três coisas interessantes com o livro:

1. O domínio do PCC nas cadeias brasileiras ocorreu logo depois e em decorrência dao massacre do pavilhão 9 no Carandiru, retratado no filme com o mesmo nome.


Segundo Varella, a pressão contra o governo após o massacre foi tão forte que eles não conseguiram mais usar medidas coercitivas fortes dentro dos presídios, e o crime organizado tomou conta. 
 
2. Sob o controle do PCC, ficou terminante proibido o crack dentro das prisões (sob pena de morte). Ao controlar o crack, o PCC consegue controlar os detentos, pois uma pessoa sob influência de crack é uma pessoa fora de controle. Isso reduziu homicídios e fugas nas prisões de uma forma que o sistema tradicional nunca conseguiu reduzir, apesar de toda sua violência e brutalidade. 

3. Por fim, Drauzio Varella faz um cálculo matemático. Se o sistema prisional hoje já não comporta a quantidade de presos que chegam, o que aconteceria se tornássemos o sistema de investigação criminal mais efetivos (hoje menos de 10% dos homicícios no país são resolvidos pela polícia)? Basicamente, o sistema explodia, ou implodia. 

Apesar de não ter os olhos de Varella, para perceber as sutilezas e complexidades do mundo, consigo concordar com ele em vários pontos de política pública. Ambos concordamos que não dá para ignorar a dinâmica política por trás de propostas de políticas públicas. Nada vai mudar no sistema carcerário enquanto a classe média e alta não se importar com o que ocorre lá dentro. E eles não vão se importar até se tornarem usuários deste sistema. 

Além disso, é difícil avaliar política pública com binários de certo e errado. Formulação de política pública é uma coisa complexa e esse discurso de que pode isso e não pode aquilo ignora muito dessa complexidade. A cena do corregedor exigindo que o diretor do presídio transferisse os presos, pois as condições da cela estavam inadequadas é ilustrativa. Diante da exigência, o diretor responde: vou abrir a cela e transferir quem quiser ser transferido. Ele abre a tranca e pede aos presos que querem ser transferidos que saiam da cela e ninguém se move. 

Enfim, a coisa é complexa. O que fazer? Difícil dizer. 

O único alerta que fica para os paulistanos é o seguinte: não se iludam com o governo alegando que conseguiu reduzir a taxa de homicícios no estado. Ao menos duas fontes acadêmicas, além do Drauzio Varella, afirmam que quem é responsável por essa redução, na verdade, é o PCC. 

Fonte 1, Camila Caldeira Nunes: "Ao alcançar hegemonia no universo criminal paulista, o PCC teve êxito em se constituir como instância central de regulação e mediação de conflitos, dentro e fora das prisões. Isso teve um impacto importante na redução dos homicídios no estado, sobretudo nos homicídios vinculados as disputas envolvendo o comércio de drogas e outras atividades ilícitas. Hoje, para ficarmos apenas na realidade interna às prisões de São Paulo, nenhum preso resolve seus problemas individualmente e da forma como considerar adequada. A resolução do conflito passa, necessariamente, pela mediação do PCC, sendo que a solução violenta será a última opção, embora ela esteja sempre presente." (texto integral, corroborando boa parte da análise de Varella, aqui)

Fonte 2, Graham Denyer Willis: "Os moradores falaram que, quando o PCC chegou, [os criminosos] estabeleceram uma ordem forte do que pode ser feito e do que não pode ser feito dentro da comunidade E que se acontecesse alguma coisa tinham que falar com eles. Um sistema de lei e ordem bem diferente. São as regras que estão no estatuto. Já tem dois estatutos, um bem recente. Aí na comunidade não era só quem estava batizado, mas quem morava na comunidade que também não podia desobedecer as regras do PCC. E eles falam que antes era muito pior, [havia] briga entre policia e bandido, morria muita gente. Não podiam sair na rua à noite. Depois que chegou o PCC, estabeleceu essa ordem. Todo mundo sabe que se desobedecer vai ser julgado, sabe o que vai acontecer. Violar mulher, por exemplo, todo mundo sabe que é um crime muito grave e que o cara vai desaparecer ou vai morrer. Então, as taxas de homicídio nesses bairros caíram muito por causa disso. Na visão da periferia, nas comunidades onde o PCC controla, o PCC tem muito a ver com a queda dos homicídios, desde 2003, 2004. O Gabriel [de Santis] Feltran escreveu um livro ["Fronteiras de Tensão"] muito importante sobre isso." (leia a íntegra da entrevista aqui)

Fonte 3, Drauzio Varella: "Sobre as mudanças na rotina dos presídios, o autor destacou o fim do crack e a diminuição dos homicídios dentro do sistema prisional e das tentativas de fuga. As facções impõem disciplina. Para ele, essas normas são replicadas fora das grades. "Na periferia também não se pode matar". "Quando a Secretaria de Segurança diz que 'está diminuindo o número de homicídios em São Paulo', eu fico sempre pensando que isso não é por causa da Polícia", afirmou o autor sobre a extensão dessas regras. " (íntegra da reportagem da Folha aqui)

O que fazer com essa informação? Mude para o Rio. As UPPs estão funcionando...

domingo, 13 de janeiro de 2013

A Teoria de Desenvolvimento da Minha Avó

Com dez anos de idade, ou seja, muito antes de eu virar uma pesquisadora do assunto, eu sentava na mesa da cozinha da minha avó e ouvia ela olhar para a janela e esbravejar:

- Com este clima, esse país não vai pra frente nunca. Olha só o bando de vagabundos dormindo nos jardins da praia. Se morassem em lugar frio, iam ser obrigados a trabalhar para ter lugar para dormir. Quem não trabalhasse morria congelado! 

Muitos anos depois, enquanto eu estava escrevendo meu primeiro livro (e por enquanto o único que escrevi) sobre o assunto, descobri que minha avó não estava sozinha. Muito antes dela, Maquiavel tinha formulado um argumento muito parecido sobre a razão da pobreza abaixo do equador: 

 “fertile countries ... are apt to making men idle and unable to exercise any virtu”
Machiavelli, Niccolo, 1519, Discourses on Livy, Oxford University Press (1987).
 
No livro, eu tento descontruir tanto essa quanto outras teorias a favor do que eu chamo de teoria institucional do desenvolvimento. Mas venho aqui confessar, para esse público pequeno, familiar e acolhedor que lê fidedignamente meu blog, que na semana passada eu cheguei à conclusão de que talvez as teorias geográficas façam algum sentido. Ou seja, minha vó não estava tão errada quanto eu pensei.
 
Cheguei a essa conclusão ao desembarcar no meio do inverno norte-americano, depois de sair de um maravilhoso verão tropical. O processo inverso é muito mais agradável, confesso. Desembarcar no inverno é meio deprimente, opressivo, e desesperador. Mas há algo produtivamente psicológico na idéia de inverno. Mais especificamente, há algo produtivamente psicológico na idéia de estações do ano. O verão aqui dura três ou quatro meses. Portanto, andar de bicicleta, nadar, tomar sol, são atividades restritas que só podem ser realizadas durante um certo período de tempo. Isso te faz pensar que você quer fazer o máximo de trabalho possível durante o inverno, para poder ficar livre durante o verão. No Rio, em contrapartida, você não sente essa pressão. A praia vai estar lá, o ano inteiro, à sua disposição. Pra que ter pressa? 
 
É óbvio que não precisamos depender de estações para criar essa sensação. A gente já faz isso automaticamente com férias e fins de semana. Sabe aquela necessidade de fechar todos os projetos pendentes e deixar tudo em ordem antes de sair de férias? É basicamente a mesma sensanção que o inverno causa.Você sabe que suas férias vão ser frustadas se você sair do escritório preocupado(a) com coisas pendentes. Ou, pior ainda, se você pousar em uma praia paradisíaca na Bahia e ficar no computador resolvendo pendengas. E cancelar a viagem para ficar trabalhando não é uma boa opção. Portanto, melhor terminar tudo e ir com a cabeça fresca.  A idéia de que há um inverno brutal, seguido de um verão delicioso, funciona do mesmo jeito. Melhor terminar tudo antes do verão chegar. 
 
O fim de semana, nesse sentido, deveria ter o mesmo impacto, se a gente de fato se obrigasse a não trabalhar de forma alguma durante um dia no fim de semana. Algumas religiões, sabiamente, impõem restrições a qualquer tipo de atividade produtiva durante um dia da semana. Acho muito sábio. Aposto que as pessoas se organizam e são mais eficientes quando forçadas a parar de trabalhar durante um dia da semana.  
 
Um famoso escritor norte-americano, Samuel Johnson, uma vez disse com muita propriedade: "The prospect of hanging highly concentrates de mind". Isso poderia ser traduzido como "A perspectiva de enforcamento foca muito a mente" (mas aceito sugestões dos tradutores de plantão...). Acho que essa frase capta o que as estações do ano fazem naturalmente com nossa mente, ou nós fazemos artificialmente ao criar férias, fins de semana e rituais religiosos que proibem atividades produtivas. Em suma, a ameaça de privação aumenta produtividade. 
 
Por que eu estou falando tudo isso? Primeiro, para dizer que acho que minha avó estava certa, em parte, na sua análise. Segundo, porque eu estou entrando na segunda metade do meu sabático e já estou preparando um argumento para explicar porque eu não fui tão produtiva quanto eu gostaria. Vou argumentar que o sabático é como o fim de semana. Se você trabalha seis dias da semana e descansa no sétimo, nada mais justo que você trabalhe seis anos e descanse no sétimo. Enfim, a gente precisa parar de trabalhar de vez em quando para aumentar nossa produtividade o resto do tempo. Para que lutar contra essa sabedoria milenar?  
 
     
P.S. Sobre o livro: 
 
No primeiro capítulo do meu livro, What Makes Poor Countries Poor?, eu e meu co-autor identificamos três diferentes teorias de desenvolvimento. A primeira é a geográfica, que tem várias formulações, mas a minha favorita é aquela que chamo de teoria de desenvolvimento da minha avó, que descrevi acima.
 
A segunda teoria é a econômica, que argumenta que esses países não tem dinheiro suficiente para formar poupança e iniciar um ciclo de alta produtividade econômica. Basicamente a idéia aqui é que dinheiro gera dinheiro, mas para você para começar a fazer dinheiro gerar mais dinheiro, você precisa ter algum dinheiro na mão. Senão, senta e chora. Ou pede emprestado para o Banco Mundial... 
 
A terceira teoria é a cultural e essa é baseada no trabalho de Max Weber. Weber relacionou a ética de trabalho protestante com o espírito capitalista, sugerindo que as duas se retro-alimentavam. Isso fez com que uma série de pessoas começasse a sugerir que países com valores religiosos e culturais que não enfatizassem o valor do trabalho, da ética, e da correctude, seriam mais pobres, mais violentos e mais desorganizados. Ou seja, toda essa doutrina católica de que você pode fazer uma coisa errada e depois pedir perdão rezando dez ave-marias e vinte pai-nossos é o grande obstáculo ao desenvolvimento no Brasil. Na ética protestante, ou você faz certo, ou você faz certo. Não tem perdão. 
 
Basicamente, o livro tenta descontruir essas três teorias em favor de uma quarta, que nós chamamos de teoria institucional de desenvolvimento. Quer saber qual o nosso argumento?  Leia o livro!

 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A Ansiedade do Brasileiro

Como eu não consigo passar pelo Brasil sem fazer uma crônica cultural do país, aqui vai a mais recente. O brasileiro é muito ansioso. Se eu estivesse encarregada da política de saúde do país, a primeira coisa que eu ia fazer era recomendar ansiolítico pra todo mundo. E colocar cartazes por toda a cidade: "Calma! Sua mãe não está na forca e o mundo não vai acabar amanhã."

Veja, por exemplo, o comportamento do brasileiro em viagens internacionais. A ansiedade começa na sala de embarque. A companhia aérea americana te dá um bilhete dizendo de qual grupo você faz parte. A atendende no balcão da sala de embarque anuncia que o embarque vai começar em instantes e que será organizado de acordo com os números nos cartões de embarque. Imediatamente, todos os brasileiros se levantam e se aglomeram na frente do portão. A aeromoça repete o recado -- as pessoas vão embarcar segundo a ordem dos grupos, 1, 2, 3, 4... -- e pede para que as pessoas não se aglomerem, para dar passagem para aqueles que vão embarcar. Em vão. Uma vez formada, a aglomeração permanece ali, inerte, bloqueando a entrada de que tinha que embarcar, atrasando a entrada deles mesmos, e deixando a atendente rouca de tanto pedir para que abram caminho.

Daí vem a ansiedade na chegada do avião no destino final. O avião pára no portão, mas as luzes de manter os cintos apertados continuam acesas. Isso significa que ainda não é seguro tirar os cintos e se levantar. Mas para o desespero do comissário de bordo, a vasta maioria dos passageiros levanta-se de supetão e corre para pegar sua bagagem nos compartimentos acima dos bancos. Quando o sinal de apertar os cintos finalmente se apaga, uns dois minutos depois, já estão todos amontoados nos corredores, feito sardinhas e lata, como se estivesse participando de uma corrida para ver quem vai sair mais rápido avião. Parece que ninguém sabe que ainda vamos ficar lá mais uns dez minutos aguardando de pé o procedimento de abertura de portas. O comissário ainda olha para aquilo tudo sem poder acreditar no que vê. 

E durante todo o trajeto, incluindo na chegada do avião ao destino final, o brasileiro não controla sua ansiedade com os procedimentos na alfândega. É preciso checar a informação vinte vezes, como se fossem surdos, ou burros, ou muito desconfiados de que alguém ali está organizando uma pegadinha do Faustão (ou do Silvio Santos, que é muito mais radical...). No balcão de check-in, a funcionária informa que todos os passageiros precisam pegar a bagagem em Washington, mesmo aqueles que vão fazer conexão. Dentro do avião, o comandante repete a mensagem, e a única comissária que falava português traduz a mensagem do comandante. Ou seja, o problema não é a barreira linguística. Ainda assim, o sujeito sentado do meu lado me pergunta sobre as bagagens. 

- É pra pegar a bagagem? Mas eu vou fazer conexão. 
- Sim. Todo mundo tem que pegar a bagagem. 
- Mas como que eu faço? 
- O senhor pega a bagagem, passa pela alfândega, e entrega ela de novo para a empresa aérea, como eles acabaram de explicar. 
- Mas porque eles não transferem direto para o outro avião? 
- Porque o senhor precisa passar na alfândega. 
- A empresa podia transferir direto, né? Ia ser tão mais fácil. 

Na saída do avião, ainda vejo outro perguntando para o comissário sobre as bagagens. Fiquei com vontade de falar para o sujeito que tinha sentado do meu lado: os passageiros também podiam não ficar questionando as informações que recebem cinco vezes. Também ia ser bem mais fácil...

Eu ainda não elaborei um explicação de porque o brasileiro é tão ansioso, mas o fato é que essa ansiedade impacta no comportamento social de maneira muito negativa. Por exemplo, se aglomerar na porta de entrada do metrô, da mesma forma como se aglomeram no portão de embarque, só atrasa a vida de todo mundo. A pressa para ser o primeiro a levantar é a mesma pressa de passar na frente do outro no meio do engarrafamento, para ficarmos todos parados lá juntos, sem ir a lugar nenhum. Isso sem falar no fato de que essa pressa cria uma total falta de cordialidade no trânsito, que faz as ruas do Brasil parecerem uma guerra civil. Por fim, a quantidade de conversas desnecessárias que ocorrem só porque o sujeito quer checar a informações sobre qualquer coisa pela décima quinta vez deve consumir, no mínimo, uns 5% do PIB (pois reduz a quantidade de horas trabalhadas). 

E assim vão os brasileiros, todos querendo que o Brasil vá pra frente, mas com tanta ansiedade que acabam impedindo que qualquer coisa aconteça.


sábado, 5 de janeiro de 2013

Cada Escolha, uma Renúncia

Ainda lembro do dia em que ouvi essa frase pela primeira vez. Era agosto, fazia muito sol, e eu estava na praia de Ipanema falando de algo muito mais sério do que o ambiente ao meu redor permitia (provavelmente alguma política pública recentemente implementada no Brasil). Daí eu travei quando alguém me perguntou o que era um tradeoff. Depois de morar tantos anos fora, a gente começa a usar palavras em inglês sem notar. A gente se torna insensível ao fato de que nossos interlocutores não conhecem termos que são tão corriqueiros para nós, até sermos pegos de surpresa com um: 

- O que significa isso?

Uns cinco minutos tinham se passado e eu ainda tentava atabalhoadamente traduzir a palavra tradeoff no meio da praia de ipanema sem sucesso. Estava quase desistindo quando um dos meus interlocutores disse: 

- "Cada escolha, uma renúncia". 
- É isso mesmo! Eu disse, vibrando com a tradução. 
- Como você chegou nessa tradução? Perguntei. 
- É um verso de uma música de Charlie Brown Jr. 
 
E hoje a frase vem como título do primeiro post de 2013 porque fui relembrada dela, com bastante intensidade, nesses últimos dias de 2012.

Basicamente, meus dias no Brasil para as festividades de fim de ano foram caracterizados por três coisas: calor, caipirinhas e corridas. O problema é que, por mais que eu ame cada uma dessas três coisas, não dava para curtir as três ao mesmo tempo. 

Quando está muito quente, não dá para correr. Quase passei mal um dia que tentei correr as 10 da manhã na orla de Santos. Os termômetros marcavam 33 graus, e meu corpo protestava por todos seus poros contra minha insistência em fazer exercício físico naquelas condições. Como eu estava de férias, acordar antes das 10 da manhã não era uma opção muito atraente. Portanto, a corrida tinha que ser postergada para tarde da noite, quando o sol tinha desaparecido e a temperatura estava mais amena (28 graus....). 

O problema é que eu não corro muito bem depois de ter consumido umas caipirinhas. Portanto, para preservar a corrida da noite, eu era obrigada a passar o dia privada dessa deliciosa invenção brasileira. Só me restava o calor. Se não tivesse calor, eu podia correr quando acordasse, e tomar minha caipirinha logo depois. Todavia, por causa do calor, eu tinha que escolher: caipirinha ou corrida. Como a corrida era tarde da noite, eu estava muito cansada para sair atrás de uma caipirinha depois disso. Portanto, não rolava caipirinha e corrida no mesmo dia. 

Tenho certeza que o Charlie Brown Jr. pensou nessa frase em um dos muitos verões que ele deve ter passado na sua cidade natal, Santos. Mais do que isso, aposto que a frase apareceu enquanto ele enfrentava as mesmas agruras que eu estava passando nesse fim de ano por lá. Talvez ele tenha uma preferência por andar de skate ao invés de correr, e talvez prefira cerveja a caipirinha, mas o problema é o mesmo. Portanto, fica aqui meu agradecimento a ele, por essa contribuição para minha vida, ainda que eu não tenha tido a curiosidade de ouvir a música de onde veio o verso. Afinal, ainda preciso de muito mais maturidade do que tenho atualmente para apreciar verdadeiramente a poesia do Chorão... Mas um dia eu chego lá!