terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sou um vampiro!

Minha prima M. me recomendou esse teste, chamado "Que Livro é Você?". Como uma devoradora de livros, achei a idéia interessante e resolvi testar. Recomendo. 

Segue meu resultado:

Dalton Trevisan
Foto: Divulgação


"O vampiro de Curitiba", de Dalton Trevisan
Descolado, objetivo e realista. Cult. Você deve se sentir mais à vontade longe de shoppings, da TV e de qualquer coisa que grite “cultura de massa”. Nada de meias palavras: a elas, você prefere o silêncio. Você não vê o mundo através de lentes cor-de-rosa, muito pelo contrário. Procura ver o mundo como ele é, entendê-lo, senti-lo. Às vezes, bate até aquele sentimento de exclusão, ou de solidão. Mas é o preço que se paga por ser um pouco "marginal". Não se preocupe, pois você atrai a admiração de pessoas como você: modernas no melhor sentido da palavra.

Em "O vampiro de Curitiba" (1965), Nelsinho protagoniza uma variedade de contos, nos quais ele busca satisfazer sua obsessão sexual vagando pelas ruas de Curitiba - paralelamente, esta cidade de contrastes se revela ao leitor. A temática e a forma já denunciam: este não é um livro para qualquer um. Tem que ter cabeça aberta para enfrentar a linguagem nua e crua de Trevisan, que é reverenciado pelo leitor capaz de driblar velhos ranços burgueses.

Está na minha lista de leituras. Confesso que nunca li Dalton Trevisan. 

sábado, 28 de janeiro de 2012

Que seja eterno

Tem algumas coisas que precisam ser eternas. Eternas de verdade. Não aquele eterno pra inglês ver do Vinícius de Moraes, “eterno enquanto dure…” A frase é bonita, mas, no fundo, no fundo, todo mundo quer que seja eterno de verdade, não? Portanto, ponha-se a poesia de lado: ou é eterno ou não é eterno. Ponto.

Em homenagem a falta de poesia e ao excesso de pragmatismo na minha vida, aqui vai minha lista de coisas que eu queria que fossem eternas de verdade.

1. Os Angry Birds. Queria que fosse eterno, com infinitas fases. Mas as fases acabam. Você baixa a versão livre e um dia ela acaba. Daí você compra a versão “Angry Birds Rio”, inspirada na animação com o mesmo nome, e ela acaba também. Demora um pouco mais que a versão gratuita, mas acaba. Estou agora com a versão “Angry Birds Seasons”, mas já acabei o “Ano do Dragão” e não vai demorar pra acabar o resto. O Seasons é uma versão mais difícil que as anteriores, o que faz ela durar um pouquinho mais. Mas ainda assim, um dia eu vou passar todas as fases, e vai acabar. E vai chegar o dia em que eu não vou ter uma versão nova pra baixar. E só isso que temo. Não temo “a morte, angústia de quem vive”, mas sim a desilusão de ter que jogar Fruit Ninja


2. O livro de crônicas do Antônio Prata. Minha irmã me deu o livro de presente de Natal e eu não conseguia parar de ler. O sujeito é muito bom. Talvez ele nem seja tão maravilhoso assim, mas temos exatamente a mesma idade. Portanto, acho que parte da história é que eu me identifico com a maioria das crônicas. Especialmente com as nostálgicas. Rolo de rir, sozinha no sofa. E o cara escreve bem. Cronista de primeira. Mas ler o livro foi doloroso. A cada página virada eu me via mais perto do final. Acho que devorei três quartos do livro em dois dias. Daí eu entrei em crise. Queria devorar o resto, mas se eu fizesse isso não ia ter mais crônicas do Antônio Prata para ler. Parecia um alcóolatra diante de uma garrafa de uísque. Decidi me disciplinar: uma crônica por noite - como um doce, que você guarda e passa o dia inteiro esperando para saboreá-lo. Mas o dia fatídico chegou. Li a última crônica e tive uma crise existencial: o que fazer sem as crônicas do Antônio Prata? Após um breve momento de pânico, comecei de novo. Releio uma crônica todo os dias, exceto nos dias em que sai uma crônica nova na Folha. Eu sei que você vai argumentar que as crônicas novas são produzidas semanalmente. Mas uma por semana não basta. Eu precisava de várias crônicas do Antônio Prata por dia, para consumir ao meu bel prazer. Mas é um bem finito, a ser apreciado com moderação. Um por dia, e uma nova por semana, enquanto durar o estoque. Só espero que Antônio Prata seja imortal, posto que ele não é chama…


3. O banho depois da corrida de sábado. Sábado é o dia que encontro com o pessoal do clube de corrida. Às vezes a gente se encontra durante a semana, mas é difícil coordenar todas as agendas profissionais. Portanto, os encontros durante a semana são ocasionais. Mas sábado é religioso. E fazemos uma longa corrida, de mais de uma hora, com mais uma hora de café, depois da corrida, pra colocar a conversa em dia. O problema é que depois de correr no frio e passar uma hora deixando o corpo esfriar, sentada em um café, chego em casa congelando. E eu não consigo colocar no papel qual é a sensação que sinto ao entrar debaixo do chuveiro quente. Não tem nenhum banho, em nenhuma circunstância, que supere a qualidade do meu banho na manhã de sábado. É quase uma experiência transcendental: os músculos cansados relaxando, a pele fria esquentando. Uma vez ouvi um programa de rádio no qual eles indicavam que moradores de rua passam anos sem dormir numa cama. Imagino que a sensação que sinto é similar a de um morador de rua deitando em uma cama pela primeira vez em vinte anos. E o mais difícil – claro -- é sair do banho. Pois todas aquelas sensações boas não desaparecem, desde que eu fique lá. Mas elas desaparecem quando eu saio debaixo do chuveiro e entro lá de novo mais tarde. Não funciona. Por isso meu dilema. Eu passo todas as minhas manhãs de sábado, debaixo do chuveiro, pensando que eu não queria que aquilo acabasse nunca. Queria ficar ali pra sempre. Por toda minha vida. Mas eu acabo saindo, porque não dá pra jogar Angry Birds ou ler o Antônio Prata no chuveiro…

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Abaixo os porcos!

Eu já havia confessado antes que sou viciada em Angry Birds.  Ainda não sei porque eu gosto tanto do joguinho. Nunca fui muito apegada a jogos. E, se você pensar, é um jogo de aves contra porcos... Ou seja, qualquer profissional com mais de trinta anos que se preze teria vergonha de confessar que passa suas horas vagas se entretendo com isso. Entretanto, pela febre que viraram os bichinhos eu imagino que não estou sozinha. E minha intuição me diz que seria ostracizado quem declarasse que não gosta do jogo, e não o contrário. 

Por que? De onde vem essa febre? O Malcom Gladwell, um dos meus escritores favoritos, escreveu um livro sugerindo que não passa de sorte ou acaso. O livro chama O Ponto da Virada e analiza vários fenômenos como esse dos Angry Brids.  Gladwell chega à conclusão de que um jogo não fica famoso porque é necessariamente melhor que outros. Apenas acontece, de maneira inexplicável.

Apesar de gostar muito do Gladwell, eu não consigo engolir a idéia de que tenha sido apenas acaso que esse jogo tenha feito tanto sucesso. Vejo por mim mesma: sou absolutamente viciada no jogo. E tenho, para explicar isso, algumas hipóteses.

A primeira é moral. É uma questão de justiça. Você usa aves que estão prontas para perder a vida para matar porcos malvados que roubaram os ovos dessas aves. É o mal contra o bem. E quando você não consegue matar os porcos, aqueles vilões verdes riem da sua cara e da cara das pobres aves injustiçadas, que foram indevidamente privadas de seus ovos. Há que se buscar um mundo mais justo. Já que não podemos fazer nada sobre a invasão do Pinheirinho, lutemos por essas pobres aves. Ou seja, it is a feel good game.

A segunda hipótese é lógica. É um jogo que exige conhecimento de física. Ângulos e velocidade contam muito. Se a ave bater no ângulo errado, você não mata o vilão, o porco. É quase como jogar sinuca. Na verdade, se você pensar que você bate bolinhas coloridas (disfarçadas de aves) em bolinhas verdes (disfarçadas de porcos), a coisa se assemelha muito à sinuca. Exceto que há alguns obstáculos no caminho. Trata-se, portanto, de uma versão ainda mais sofisticada da sinuca. Enquanto na sinuca é como você tivesse fazendo cálculos de física newtoniana, aqui você se sente fazendo física quântica. Ou seja, é um jogo de inteligência.

A terceira hipótese é mais instintiva, diria até psicológica. O jogo envolve aves kamikazes que abdicam de suas vidas e porcos que são alvos imóveis, mas ainda assim nada fáceis de ser atingidos. E há muita destruição nesse processo. Prédios desabam e bombas explodem. Ou seja, o jogo apela para algo muito primitivo dentro de nós. O mesmo senso de destruição que faz jogos de guerra parecerem atraentes para meninos na pré-adolescência. E o melhor é que toda a destruição é mascarada com cores, sons e figurinhas que fazem você se sentir melhor do que você se sentiria se tivesse atirando com uma metralhadora no soldado do exército inimigo. Afinal, nessa épocas em que impera o politicamente correto, poucas pessoas conseguem confessar que sentem prazer ao ver sangue inimigo na tela. Angry Birds não tem sangue visível, mas não é muito diferente não. Ou seja, é um jogo catártico.

Por fim, há as razões históricas. Acho que não é mera coincidência que os alvos sejam porcos malvados e mal intencionados. Esses eram os comunistas no livro do Orwell, a Revolução dos Bichos. Por outro lado, o símbolo dos Estados Unidos é uma ave, a águia. Ou seja, mais de vinte anos após a queda do muro de Berlim e a desintegração da União Soviética, estamos aqui revivendo e recriando um momento histórico. Afinal, sempre é bom reafirmar que, sim, o capitalismo venceu e os comunistas que comiam criancinhas desapareceram da face da terra... Ou seja, jogar Angry Birds é quase como escrever um posfácio para a Revolução dos Bichos, intitulado "A Contra-Revolução dos Bichos".

Escolha a que melhor lhe apetecer, mas aviso de antemão: qualquer que seja a razão, não há como vencer. Se você tentar resistir ao jogo, nunca vai ganhar. Portanto, faça como eu: se não pode vencê-los, una-se a eles. 

A luta continua, companheiro!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Não estou sozinha!

Conquistei hoje o apoio de Tony Goes do site F5 da Folha (veja abaixo a coluna na íntegra). Se você ainda lembra do meu post sobre o Carlos Nascimento, verá que eu e o colunista concordamos ao menos na nossa discórdia sobre o Nascimento. Mas achei que dei mais valor ao meme do que ele (veja meu post sobre a Luiza). E pra quem não sabe porque a discussão do BBB está relacionada ao conceito de estupro, leia isso e isso.


Não, Carlos Nascimento, não estamos mais burros

"Ou os problemas brasileiros já estão todos resolvidos ou nós já nos tornamos perfeitos idiotas. Porque não é possível que dois assuntos tão fúteis possam chamar a atenção de um país inteiro."

Foi assim que Carlos Nascimento abriu o "Jornal do SBT" na quinta-feira passada. Conheço muita gente que concorda com ele: de acordo com essa turma, deveríamos estar debatendo soluções para a cracolândia ou para os imigrantes haitianos, ao invés de perder tempo com o "BBB" ou com Luiza, que estava no Canadá.

Já eu discordo plenamente. O primeiro assunto não tem nada de fútil, muito pelo contrário: o que se discute ali não é exatamente um programa de TV, mas se houve ou não um crime sexual em frente às câmeras. É a própria definição de estupro que está em jogo.

Também é um sinal de que os tempos mudaram, e muito: há alguns anos a culpa recairia inteiramente sobre a possível vítima, que teria bebido demais e "não se dado ao respeito". Hoje há nuances, pontos de vista diferentes, atenuadores e complicadores.

Esta já é um questão interessante por si só, mas o caso Daniel-Monique também trouxe mais uma vez à berlinda a baixaria televisiva. É ótimo que se fale sobre ética na TV. O escândalo ajudou a subir a audiência do "BBB" no começo da semana passada, mas também assustou os anunciantes. Não me espantarei se o "reality show" não voltar em 2013 por falta de patrocínio.

Além do mais, os índices do "Big Brother" caíram assim que a poeira baixou um pouco. Sintoma de que o público não está lá tão interessado no dia-a-dia da "casa mais vigiada do Brasil". Apesar do que diz Carlos Nascimento, não somos tão fúteis assim.

Não que um pouco de futilidade não faça bem de vez em quando. Eu adoro, e você também --caso contrário, não estaria aqui no "F5", um site de entretenimento. Acho até saudável um país inteiro incorporar na linguagem cotidiana uma frase engraçada proferida num comercial da Paraíba.

E digo mais: "menos Luiza, que está no Canadá" não é só uma bordão sem sentido. É também uma senha, uma maneira de nos identificarmos no escuro. Quem a repete está dizendo que está plugado na internet, e quem ouve e ri está confirmando que sim, também faz parte do mesmo grupo. Estamos juntos!

Bordões são um fenômeno típico da era da comunicação de massas. Nasceram no teatro de revista, se espalharam com o rádio e assumiram proporções nacionais a partir da televisão. Na era da internet, ganharam velocidade praticamente instantânea. Não estamos mais burros agora, Nascimento: só estamos mais rápidos.

Futilidade mesmo é achar ruim que se fale de Luiza, porque daqui a alguns dias ela será esquecida e substituída por um novo "meme". Assim como é miopia não perceber que a web mudou a maneira como nos relacionamos com a cultura e uns com os outros.

O que aconteceu no Brasil semana passada talvez seja visto no futuro como um divisor de águas: as redes sociais influíram de maneira inédita no noticiário. A circulação de informação, a possibilidade de resposta imediata, a capacidade de mobilização, tudo isto só nos deixa mais inteligentes.

Prepare-se, Nascimento: só vai aumentar.

http://f5.folha.uol.com.br/colunistas/tonygoes/1038112-nao-carlos-nascimento-nao-estamos-mais-burros.shtml

domingo, 22 de janeiro de 2012

Música do Dia

sábado, 21 de janeiro de 2012

Ele tem me consumido

Faz alguns anos que comecei a ver ele de longe, em eventos sociais. Sempre interagindo com as pessoas de maneira animada. Ele parecia cativante. Mas eu apenas observava. Não tinha coragem de ir lá, encará-lo de frente.

Até que um dia uma amiga nos apresentou. Estávamos em um restaurante. Foi tudo muito breve, e muito rápido. Mas vê-lo assim de perto me fez entender porque tantas pessoas gostavam dele. Inteligente, rápido, divertido, gentil. E bonito. Super bonito. Ele claramente não era como os outros. Na verdade, era tão amigável que me deixou pensando que tudo aquilo era muito bom pra ser verdade.


Depois desse encontro, ele não saiu da minha cabeça. Agora eu observava ele com atenção todas as vezes que tinha uma chance. Queria saber mais. Estava curiosa. Tinha sido fisgada. Será que tudo aquilo de interessante que eu havia visto no restaurante era só na superfície? Todos que o conheciam me assegurava que havia muito mais coisas interessantes pra descobrir. Eu havia visto apenas a ponta do iceberg. Me asseguravam que valia a pena investir. Me encorajavam a conhecê-lo melhor.

Decidi arriscar. Não posso dizer que não tinha nada a perder. Sempre se tem algo a perder. Mas ainda assim parecia fazer sentido. 

E, no início, foi maravilhoso. De fato eu havia visto apenas a ponta do icerberg. A coisa ia muito além de conversas inteligentes e leituras interessantes. Tinha também muita diversão, de todos os tipos. Música, cinema, jogos. Tudo novo e intrigante pra mim. Não posso deixar de confessar, mas ele mudou minha vida. Pra melhor. Com ele, estava mais leve, mais sorridente, mais feliz.

E foi aí que cometi meu grande erro. Deixei ele entrar na minha vida pessoal. Comecei a pedir ajuda com coisas do dia-a-dia. E ele vinha sempre, com uma solução fácil e rápida para tudo. Passou a me ajudar com as compras no supermercado. Passou a me ajudar a organizar as prioridades no trabalho. Deu, finalmente, uma ordem na minha agenda e agora sei onde está o telefone e email de todo mundo. E, como se não bastasse, ele me lembra até do aniversário das pessoas.

Aos poucos, ele foi tomando tanto espaço que, quando me dei conta, tinha me afastado das pessoas. Eu tento interagir com colegas, amigos e pessoas queridas, mas ele está sempre lá querendo, de alguma forma, minha atenção. Seu lado divertido e inteligente se revelou controlador e opressivo. Ele não quer me compartilhar com mais ninguém. Quer que seja só nós dois. Ele quer que eu dê apenas atenção para ele. Até o trabalho é motivo de discórdia entre nós. Basta eu desviar os olhos, ou ir para algum evento e lá está ele, de alguma forma me tentando, seja com coisas interessantes, seja com drama.

Eu sinceramente, não sei mais o que fazer. Amo meu iPhone, mas acho que eu e ele estamos seriamente precisando de terapia de casal nesse momento.  

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Homem também tem TPM

Aqui está a prova. 



Afinal estupro é de fato um assunto muito fútil, em especial quando não é o seu que está na reta. Alguém providencia um boa noite cinderela por Carlos Nascimento e põe ele na cama, com o BBB, por gentileza?

E, como eu disse, achei o meme um ato político da maior importância. 

Sim, nos já fomos mais inteligentes, mas isso era quando a gente não pedia para os jornalistas ficarem dando opiniões pessoais em cadeia nacional...

 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Menos a Luiza....

Existe um fenômeno internético que chama meme. De acordo com a explicação de J., que me mantém conectada com o mundo fora da academia, meme é qualquer coisa que se espalha como um vírus (pode ser um vídeo, uma foto ou uma frase) e de repente todos os internautas estão usando. As origens de um meme são variadas, mas com frequência são uma sátira do que seria uma tentativa bem intencionada de mostrar algo não hilário na internet. Meu conhecimento do assunto acaba aqui e, no momento, está muito tarde para eu pesquisa isso e trazer exemplos. 

A explicação do que é um meme, todavia, é necessária para que meu leitor entenda esse post. Parece que hoje o meme da internet era "exceto a Luiza, que está no Canadá". Usuários do Twitter passaram o dia circulando piadas, do tipo: vamos todos tomar uma cerveja, exceto a Luiza, que está no Canadá." Ou "estamos todos na chuva, exceto a Luiza, que está no Canadá". Etc. Como qualquer outro meme, a frase não faz o menor sentido, a não ser que você saiba da origem da mesma. 


Nesse caso, a origem foi curiosa, um comercial de TV paraibano: 



Um sujeito que mora no Canadá colocou no blog dele que isso não tem a menor graça (veja aqui). Eu discordo dele. Não apenas acho cômico, mas acho o meme muito útil. O meme claramente ironiza o ridículo da situação: o sujeito menciona, de repente, a filha no exterior. Qual a conexão com a propaganda? Aparentemente nenhuma. A não ser que você pense, com cuidado na classe média brasileira e seu deslumbramento com "o estrangeiro". Ter alguém da sua família no exterior, para muitas pessoas, é sinal de status. Ou seja, a mensagem da propaganda é: se sua família é rica o suficiente para mandar a filha para o exterior, você provavelmente é rico o suficiente para comprar um apê nesse "condomínio de alto padrão".


Alguém pode me explicar, por gentileza, em que mundo essas pessoas que fizeram o comercial vivem? Eles sabem que uma boa parte dos imigrantes são pessoas com diplomas universitários que estão ralando como lavador de pratos, empregadas, ou qualquer outro tipo de subemprego? E os que estão estudando? Esses são bancados pelos pais, com certeza, argumentariam alguns. Redondamente enganados. Fiz meu mestrado e doutorado nos Estados Unidos sem ter que pedir um tostão para meus pais. Tudo aqui se faz com empréstimos e bolsas (e muita ralação, devo acrescentar). 

Ou seja, uma propaganda dessas é trágica. O que me consola é que o meme revela que uma parte da sociedade brasileira está abandonando essa mentalidade de colonizado, segundo a qual o exterior é sempre melhor que o Brasil. Bendito o sujeito que criou o meme, e todos os que espalharam ele na internet. Eu não dou bola pra a maioria das baboseiras e mensagens pessoais que circulam na internet. Mas esse meme, pra mim, foi um ato político. Um protesto internético contra a mentalidade tacanha e retrógrada da "alta sociedade" brasileira. Ainda bem que há no Brasil essas pessoas não deslumbradas com o exterior.

E eles não estão sozinhos. Em agosto do ano passado, o N.Y Times publicou uma reportagem mostrando como jovens profissionais estão, cada vez mais, considerando o Brasil como um possível destino (veja aqui). No Brasil não só tem emprego, mas alguns dos salários, segundo a reportagem, são 50% mais altos do que nos Estado Unidos. A Luiza, portanto, deveria estar mesmo é no Brasil, se tivesse que trabalhar.

Está mais do que na hora de se rebelar contra o mito "do estrangeiro", meu povo. Aproveitem o momento, tanto o político quanto o econômico! As únicas pessoas que não vão fazer isso somos eu e a Luiza, pois estamos aqui -- freezing our asses -- no Canadá. Vou ligar pra ver se ela não quer tomar uma cerveja comigo...

domingo, 15 de janeiro de 2012

Nostalgia

Sempre que eu via meu avô escrevendo farmácia com ph (pharmacia) eu pensava: porque ele não escreve com efe? Ele vê na entrada da farmácia que a grafia da palavra mudou. Ele sabe que mudou. Por que ele insiste em usar a grafia antiga? Agora eu estou tendo o mesmo problema. Não consigo escrever idéia sem acento, apesar de saber que a grafia da palavra mudou. Depois de ser treinada a sua vida inteira em uma certa grafia, a grafia nova simplesmente parece errada. Eu sei que a grafia mudou. Eu escrevo a palavra sem acento primeiro. Mas daí minha mão hesita. Fico ali encarando aquela coisa estranha, sabendo que, no fundo no fundo, tem algo de errado com ela e, de repente, bum. Coloco o acento. 

Isso me levou a conclusão de que estou envelhecendo. Sim, "os anos passam e a gente fica mais velho". E a melhor forma de medir isso é ver quanto daqueles comportamentos estranhos, que antes você observava em "gente velha", você anda adotando ultimamente. 

O clímax dessa minha reflexão surgiu no momento em que me deparei com o novo fenômeno da música brasileira, Michel Teló. A única coisa que consegui pensar é: essa juventude está perdida. Onde esse mundo vai parar? No meu tempo, as músicas eram mais sofisticadas e respeitosas! 

Eu não só pensei isso, como elaborei uma análise para sustentar minha conclusão. Comecemos pelo fato de que não vale comparar Michel Teló com Chico Buarque e Caetano. Isso seria comparar maçãs com laranjas, como eles dizem aqui. Ou seja, é uma comparação falsa. É como você pedir pra tartaruga apostar corrida com o coelho. Apenas podemos comparar os lerdinhos com lerdinhos.  Portanto, precisamos comparar Michel Teló com música para as massas. 


Então vamos comparar Michel Teló com o que fazia sucesso antes dele. Por exemplo, em 2007 a Ivete Sangalo cantava seu hit, Me Abraça, Me Beija. Para os que não conhecem a obra-prima, ouçam a música abaixo (mas notem que o vídeo não é o oficial):




Bastar ouvir isso para ver como (i) a Ivete está falando de um relacionamento, não de algo passageiro na balada no sábado a noite; (ii) o Teló está visivelmente focado na beleza física da menina que passa, enquanto a Ivete fala de um nível muito mais profundo de conexão emocional: o cheiro da pessoa amada; (iii) e, convenhamos, "aí se eu te pego" é infinitamente mais vulgar do que pedir "me abraça, me beija". Afinal, o primeiro não implica consentimento da outra parte, o que pode não ser algo relevante em uma balada, mas não pode faltar em um relacionamento. 

E, nas minhas nostálgicas elocubrações, não pude deixar de ir mais longe. Olha só a letra da música com a qual eu pulava carnaval em Brasília, com a Banda Eva (frequentadora assídua das casas de show da cidade!). 




Nem preciso analisar a profundidade disso, certo? Referências bíblicas, que provavelmente o Michel Teló nem sequer entenderia. Palavras como a "odisséia terrestre", que provavelmente são muito complexas para o público já em 2007, que dirá hoje em dia. E -- mais importante -- nada de beijo e abraço. Isso é muito mundano. Para o seu amor de verdade, você pede: "me dá força pra viver". 

Ou seja, o mundo anda claramente em declínio. Sempre que eu ouvia "gente velha" vir com esse papo de "no meu tempo...", eu pensava: por que essas pessoas não abrem suas mentes para o novo, abraçam as mudanças, e celebram com os jovens a vida? Agora eu sei. É porque quando você olha pra tudo isso, você sabe que tem alguma coisa errada. A música do Michel Teló é como a palavra idéia sem acento. Tá errado.

Acho que vou pesquisar preços das mensalidades de casas de repouso aqui em Toronto, ao invés de ficar assistindo o declínio do mundo via YouTube....  
 




P.S. - esse post é dedicado a J. que deu toda a inspiração para essa elocubração com seu vasto conhecimento musical. Todos os erros, imprecisões e omissões do post são de minha inteira responsabilidade.


sábado, 14 de janeiro de 2012

Blog, o seu melhor amigo

Acho que todo mundo deveria ter um blog. Acho que o blog é de grande valia pra quem escreve nele. Ele pode até ser de grande valia para aqueles que lêem também, mas acho essa segunda razão menos relevante que a primeira. Ou seja, você deveria ter um blog pra você, por você e com você. 

Vamos às razões.

1. É mais barato que terapia. Há estudos mostrando que talk-teraphy (terapia da fala?) tem resultados muito positivos em pessoas diversas (veja aqui um desses estudos). E o que é um blog senão uma forma de falar sobre coisas? Trata-se, portanto, de uma forma de terapia. 

Obviamente, os especialistas irão argumentar que falar com um profissional é muito diferente do que falar com amigos, família, ou qualquer outro tipo de pessoa leiga. Uma das razões é que leigos não tem o treinamento para deixar as próprias emoções fora da conversa. Ora, uma das vantagens do blog é que poucas pessoas deixam comentários (a não ser que você seja articulista de jornal ou alguma personalidade pública...). No caso de meros mortais, como a maioria de nós, pode até ser que ninguém esteja lendo o que você anda escrevendo. Portanto, os riscos que você correria em uma conversa no botequim -- de ouvir aquela frase que vai te deixar de mau humor por uma semana -- são significativamente reduzidos na blogosfera. É quase como ter um terapeuta freudiano ou lacaniano -- aqueles que sentam atrás do divã, onde você não consegue vê-los, e que não dizem nada durante toda a sessão. A diferença é que o blog está disponível 24/7 e não te cobra 200 reais (ou dólares) por sessão.

E se houver comentários? Uma razão a mais para ter o blog. O trabalho do terapeuta é muito mais efetivo, ao que parece, quando há empatia entre o terapeuta e o paciente (independente das qualificações profissionais do terapeuta). Veja esse artigo interessantíssimo, apesar de pouco científico, no N.Y. Times. Ou seja, parece que a coisa é mais química que muito gente pensa. Nesse sentido, pense nos leitores do seu blog: são pessoas que em geral gostam de você e do que você escreve. Trata-se, portanto, de uma audiência com uma empatia natural, com a qual o diálogo provavelmente vai ser produtivo Quem sabe até começa a rolar um diálogo com pessoas com quem havia uma potencial química, mas faltava o tubo de ensaio? Pois aqui está a solução: o blog.

2.Torna a vida mais interessante. Antes, quando acontecia uma coisa que me chateava, ou me emputecia, eu só ficava chateada ou puta. Agora, eu uso a coisa como fonte para um novo post no blog. E, na maioria das vezes, eu começo a escrever mentalmente o post enquanto ainda estou tentando lidar com a atendente da companhia aérea e toda a sua imperdoável incompetência. Confesso que é melhor pra todo mundo: eu ofendo ela no blog, ao invés de ofendê-la ali no balcão da companhia; e minha raiva se transforma em energia produtiva. E o melhor da história é que o processo culmina com um senso de realização: ao final de 9 horas de viagem, eu tenho um post novo, ao invés da raiva e do ressentimento que ficariam no meu estômago, depois de passar 9 horas remoendo o incidente, sentada no meu assento flutuante. 

Por coincidência, encontrei hoje uma citação do Jorge Luis Borges que vem muito a calhar:

A writer -- and, I believe, generally all persons -- must think that whatever happens to him or her is a resource. All things have been given to us for a purpose, and an artist must feel this more intensely. All that happens to us, including our humiliations, our misfortunes, our embarrassments, all is given to us as raw material, as clay, so that we may shape our art.
--From "Twenty Conversations with Borges, Including a Selection of Poems: Interviews by Roberto Alifano, 1981-1983."  

Não há modo mais fácil de se tornar um escritor, e transformar sua vida num montão de argila pra você brincar de moldar, do que um blog. Ou seja, o que você está esperando?

3.  É bom para sua vida profissional. Para os leitores mais céticos sobre a beleza da vida ou a importância dos relacionamentos humanos ou da sua saúde, fica a dica: ter um hobby pode fazer de você um melhor profissional. Portanto, se você é pragmático a ponto de não dar a menor bola para as duas razões anteriores, ouça a Você S.A.: ter um hobby é importante. Recomendo, portanto, que você adote o blog como mecanismo de alívio de stress, aumento da sua produtividade no trabalho e, quiçá, até como uma forma de aprimorar sua escrita. Acredite: depois de falar mal do seu chefe no blog anônimo, sua próxima reunião com ele vai ser muito mais tranquila. E você ainda corre o risco de virar um sucesso da blogosfera e ter a opção de mudar de carreira e se tornar um escritor milionário. Já pensou?

Em suma, minha recomendação a todos os leitores, seja você alguém que precisa de muita terapia, ou alguém que precisa melhorar sua qualidade de vida -- por exemplo, se você se estressa com tudo, especialmente com gente incompetente --, ou alguém que tem grandes ambições profissionais (ou uma combinação de todos os anteriores, como eu...): tenha um blog para chamar de seu. 

P.S. - Esse post é dedicado ao meu primo M., que sempre me deixa com vontade de ler mais de tudo que ele escreve. Que tal um blog para enriquecermos o diálogo, tornar nossas vidas mais interessantes e desestressarmos juntos, primo?  

domingo, 8 de janeiro de 2012

Retrospectivas, Resoluções e Possíveis Reviravoltas

Depois de ler muitas retrospectivas do ano, resolvi fazer minha própria. Elenquei três motivos importantes para dedicar um espaço a isso no blog: 1) os eventos da minha vida são tão relevantes quanto os eventos que "mudaram o mundo", afinal eles mudaram meu mundinho; 2) preciso escrever um artigo sobre privatização no Brasil e estou procurando formas aceitáveis de procastinação -- escrever no blog, nesse momento, me parece mais atraente do que lavar a louça e ir no supermercado; 3) ficar listando as coisas boas que aconteceram na sua vida durante o ano deve ter algum benefício psicológico e, no meio do inverno, me pareceu apropriado gozar desse benefício.

Dadas as razões, vamos à minha ego trip:

1. Esse ano terminei de escrever um livro (em co-autoria com um colega) e comprei violetas. Dizem que toda pessoa precisa em algum momento escrever um livro, ter um filho e plantar uma árvore. Pensei que estando em um ambiente urbano, comprar violetas poderia perfeitamente substituir a idéia de plantar uma árvore. Sobre ter um filho, estou pensando em substituir esse item por outro livro, a ser escrito durante meu sabático. Acreditem: o mundo vai ser melhor com meus livros do que com meus filhos...


2. Corri meia maratona em outubro (21 Km), que ainda será devidamente relatada em um post. 

3. Li três livros fantásticos: Eat, Pray, Love (sobre o qual escrevi em outro post), Everything is obvious (que foi recentemente traduzido para o português e já está a venda no Brasil) e Meio Intelectual, Meio de Esquerda (leia aqui a crônica que dá título ao livro). Além de serem escritos por gente com um humor e uma inteligência de tirar o chapéu, cada um dos livros me marcou por estar diretamente relacionado com algum aspecto da minha vida.


O primeiro livro está ligado às minhas viagens. Assim como a autora de Eat, Pray, Love viajei para três destinos que começam com a letra "i". Estive na Índia em janeiro, na Itália no meio do ano e fui para Israel agora em dezembro. A única diferença entre a autora e eu é que ela foi pra Indonésia ao invés de ir para Israel, mas estávamos ambas nessas viagens em busca de inspiração para escrever algo decente. A cada viagem, produzi uma nova versão de um paper sobre a privatização no Brasil (esse mesmo paper que eu precisaria estar revendo agora, enquanto procastino escrevendo este post...). Apesar da semelhança entre nossos destinos, tenho certeza que meu paper não vai ter o sucesso bombástico do livro de Liz Gilbert. Talvez parte da razão seja o fato de que eu decidi ir para três outros lugares ainda esse ano: Califórnia, Costa Rica e Cambridge (em Massachussets, não na Inglaterra). Notem que, apesar de viajar mais do que deveria, ao invés de trabalhar no paper, mantive a aliteração nos destinos das viagens. Afinal, é preciso ter prioridades na vida!

O segundo livro, Everything is Obvious [Tudo é Óbvio], está ligado ao meu trabalho. O autor argumenta que a gente fica tentando montar narrativas coerentes do passado, a fim de prever o futuro, mas todo esse exercício é uma grande ilusão. É fácil encontrar aparente racionalidade em uma série de eventos que já ocorreu, mas é praticamente impossível prever o que virá. Isso torna fútil qualquer tentativa de planejamento ou previsão. Por isso, as empresas que estão fazendo sucesso hoje são aquelas que tem flexibilidade para mudar rapidamente estratégias e se adaptar ao inesperado. O modelo mais marcante que o autor usa para demonstrar isso é a Zara, que muda toda sua produção de roupas em questão de uma ou duas semanas, a partir da demanda. Por exemplo: eles lançam duas blusas no mercado. Se uma vende muito e a outra vende pouco, eles passam a produzir mais da blusa bem-sucedida e interrompem imediatamente a produção daquela que não saiu. Diferentemente de outras empresas de roupa, que não tem flexibilidade na produção, a Zara consegue colocar e tirar um produto no mercado em duas semanas. Passando da estratégia de negócios para o plano acadêmico, o livro explica porque meu paper sobre a privatização no Brasil não vai ser um sucesso: eu estou tentando fazer exatamente o que o autor demonstra -- por A mais B -- que é uma grande farsa intelectual...

O terceiro está ligando ao meu tempo livre. O livro Meio Intelectual, Meio de Esquerda representa tudo o que eu quero ser quando crescer (mas, no momento, faço apenas nas horas vagas). Quero viver de crônicas. Crônicas bem escritas, espirituosas e bem humoradas como as do Antônio Prata. E, se vocês pensarem na mensagem do livro Everything is Obvious, escrever crônicas é um projeto mais digno. Ao invés de fazer isso, estou eu aqui dedicando minha vida profissional a escrever coisas intelectualmente elaboradas que criam falsas verdades e fazem instituições como Banco Mundial gastar milhões de dólares com projetos que vão dar com os burros n'água...

Conclusão: parece que a retrospectiva não foi tão animadora quanto se esperava e fiquei sem o benefício psicológico de me gabar das minhas conquistas. Eu estava indo bem até o ponto 2, mas a coisa degringolou a partir do 3. Ainda assim, no fim, teve algo de útil: estou devidamente convencida de que parar para escrever esse post ao invés de trabalhar no meu artigo foi um excelente uso do meu tempo. 

E, dada as lições da retrospectiva 2011, minha resolução para o ano novo é escrever mais no blog. Daí eu vou fazer como a Zara: ver qual dos dois faz mais sucesso (meus papers ou o blog) e investir todo meu capital naquilo. Vocês sabiam que a maioria dos artigos acadêmicos são lidos por uma média de cinco pessoas, além do autor? Se contarmos meu pai, minha mãe, minha irmã, meu primo, meu tio, J., N. e T. (que são os leitores que marcam sua presença, de quando em quando, com comentários) meu blog já tem uma audiência maior que a maioria dos artigos que vou escrever na vida... 

Estou até ponderando se seria uma boa idéia trocar a academia pela literatura em 2012. Se vocês pensarem comigo, é um projeto bastante factível. Depois que eu terminar de escrever meu segundo livro acadêmico (que vou substituir pelo filho), completo a listinha de coisas que uma pessoa tem que fazer na vida. Seguindo os passos da Liz Gilbert, com certeza já acumulei viagens o suficiente para escrever uns três romances. Daí, só falta passar a frequentar bares com a mesma frequência que o Antônio Prata. 

Ok. Estou convencida da minha resolução para 2012: mais blog, mais bares e menos baboseiras acadêmicas!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A última ceia

O que você comeu na virada do ano? Descobri recentemente que o prato principal da ceia de reveillon pode determinar, de maneira radical, seu futuro. Ou seja, não basta a calcinha amarela nova, ou a cueca verde esperança. É preciso atentar também para a comida no último dia do ano. 


Peço desculpas pelo atraso com que comunico essa importante mensagem. Afinal, a essa altura do campeonato, talvez seja melhor não saber o que você fez de errado na virada. Recomendo aos temerários, portanto, que deixem para ler esse post no dia 30 de dezembro de 2012...


Mas caso você tenha bravamente decidido seguir adiante com a leitura, aqui vão meus recém-adquiridos conhecimentos: 


1) não se come nada que anda pra trás. Caso contrário, seu ano será um completo atraso de vida. E minha descoberta mais surpreendente é que o conceito do que anda para trás é bastante amplo e inclui, por exemplo, o peru. O bicho obviamente anda pra frente, mas como cisca para trás e dá uma rezinha pra comer o que estava ciscando, ele pode, defitivamente atrapalhar seus planos. Evite, portanto, requentar a ceia de Natal para o Ano Novo. 


2) não se come nada que anda para o lado, por motivos óbvios: todo mundo quer andar para frente. Evite, portanto, o caranguejo. É óbvio que se suas opções forem somente requentar o peru de natal, ou comer um caranguejo fresco, eu optaria pelo caranguejo. Me parece que andar para o lado é melhor que andar para trás (ainda que possa ser frustante em alguns momentos). Além disso, comida fresca é sempre mais saborosa que comida requentada, em especial se considerarmos que no caso do peru, se parassaram 6 dias desde que você comeu a ceia de natal. 


3) por fim, evite animais que têm cocô na cabeça. Confesso que não achei nada na internet para corroborar essa afirmação, mas parece que o cérebro dos camarões está envolto no intestino do bicho. Durante a ceia, alguém sugeriu que camarão come cocô. Também não consegui achar nada comprovando a afirmação, mas por via das dúvidas seria melhor evitar esse prato a qualquer custo. Afinal, comer cocô ou ter cocô na cabeça é pior do que andar para trás...



Ficam como opções o porco, que é inteligente e anda pra frente, ou peixes, que defitivamente não andam para trás ou para o lado. Ou, se você quiser um ano com muita bebida e festa, você pode tentar comer animais que se embebedam regularmente. Segundo esse artigo, você tem duas opções para a ceia: um bichinho alcóolatra que vive na Ásia ou esse outro no vídeo, chamado slow loris, que pode servir como ceia.





 
Mas fique atento, ele pode usar o charme dele para te conquistar e te convencer a tomar um drink com ele! E se ele usar a estratégia do gato de botas do filme Shrek, vocês vão acabar tomando juntos uma cerveja com camarão frito!